O crescimento do comércio mundial cairá para 3,7% neste ano, após alcançar 5% em 2011, indicou nesta quinta-feira a Organização Mundial de Comércio (OMC), que atribui a desaceleração ao impacto de problemas como a dívida soberana na Europa, que estaria em recessão, e à desaceleração da economia chinesa.
Para 2013, a organização com sede em Genebra espera uma recuperação do crescimento do comércio mundial em volume, com uma alta de 5,6%. "Passaram-se mais de três anos desde o colapso do comércio em 2008-09, mas a economia mundial e o comércio continuam sendo frágeis", disse o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.
Os economistas da OMC consideram que a situação é "frágil e incerta, com um risco pronunciado de deterioração". A OMC destacou que a economia mundial "perdeu impulso", já que o crescimento do comércio em 2011 ficou abaixo da previsão de 5,8% feita em setembro.
Em 2011, o comércio registrou desaceleração por vário fatores, como a crise da dívida soberana na Europa, o tsunami no Japão e as inundações na Tailândia, segundo a OMC. Além disso, as revoluções árabes, em especial na Tunísia e Egito, afetaram as exportações de serviços da África.
Os resultados das economias desenvolvidas superaram as expectativas, com um crescimento do comércio de 4,7% em 2011, enquanto que o das economias em desenvolvimento ficou abaixo do previsto, de 5,4%, segundo a OMC. A OMC esperava uma forte desaceleração do crescimento do comércio em 2011, após o avanço espetacular de 13,8% em 2010.
Contudo, como consequência de vários reveses econômicos, o crescimento em 2011 foi ainda mais tímido, sobretudo no quarto trimestre. A expectativa é de nova desaceleração para 2012, com um crescimento do comércio mundial de 3,7%, muito abaixo da média de 5,4% registrada nos últimos 20 anos.
Caso se cumpram estas previsões, o volume do comércio mundial seguirá sendo inferior aos níveis prévios à crise. A organização com sede em Genebra advertiu também que talvez a UE esteja em recessão, em um contexto de diminuição do crescimento da produção mundial.
Por isso, os economistas da OMC voltaram a alertar sobre a tentação do protecionismo. "A lentidão da recuperação gera temores de que medidas comerciais restritivas comprometam pouco a pouco os benefícios dos intercâmbios abertos", disse Lamy. O dirigente pediu também a "revitalização do sistema comercial, para evitar que se produza tal cenário". As negociações da rodada Doha, que buscam liberalizar o comércio internacional reduzindo as tarifas de milhares de produtos, estão bloqueadas. A OMC esperava um acordo em dezembro, mas até o momento não houve consenso.