O número de usuários dos planos odontológicos no Brasil quadruplicou em menos de dez anos. Em 2003, 4,4 milhões de brasileiros tinham um plano privado para ir ao dentista. Hoje, são 16,8 milhões. O crescimento fez a diferença no caixa dos profissionais. Uma vez que apenas 15% da população brasileira vai ao dentista regularmente, grande parte dos pacientes atendidos pelos odontologistas passou a ser os usuários dos planos de saúde.
Eduardo Gomide, presidente da Comissão Estadual de Convênio e Credenciamento em Minas Gerais, aponta que um dos grandes propulsores do crescimento são os convênios de baixo custo. “Grandes empresas chegam a negociar o produto odontológico corporativo por R$ 2 ao mês.” Segundo ele, no estado, assim como no país, os dentistas têm trabalhado com a tabela defasada em aproximadamente 80%. A consulta por R$ 12 abre uma extensa lista de procedimentos. “Estamos estudando junto com os profissionais de todo o país um possível descredenciamento coletivo.” De acordo com Gomide, uma das alternativas seria atender consumidores a partir de preços intermediários entre a tabela do convênio e o atendimento particular.
No pico da polêmica está a rede Unna, recém-formada e que congrega nove operadoras e tem participação próxima a 40% do mercado. Contra o grupo, os dentistas apresentaram representação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Estamos denunciando formação de cartel. Juntas, as empresas estão reduzindo os preços já baixos dos procedimentos.”
De acordo com as entidades representadas pela Comissão Estadual de Convênios e Credenciamentos de Minas Gerais, o Sindicato dos Odontologistas, Conselho Regional de Odontologia e Associação Brasileira de Odontologia, o que ocorreu foi o contrário. Alguns procedimentos como a resina, tiveram seu valor reduzido em 40%. Com isso, a remuneração por esse tipo de tratamento caiu de R$ 24 para R$ 14.