A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse que os países ricos e suas políticas monetárias não são culpados pelos massivos fluxos de dinheiro que chegam aos países como o Brasil, em uma entrevista divulgada nesta terça-feira pelo jornal O Estado.
"As medidas monetárias adotadas pelos Estados Unidos e pela Europa foram necessárias para evitar uma crise de liquidez de consequências muito piores. Não há evidência de que essas políticas sejam a causa direta dos fluxos de capitais para os países emergentes, como Brasil", disse na entrevista, que foi concedida a vários veículos internacionais.
As grandes nações emergentes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) criticaram em uma recente reunião em Nova Délhi as políticas monetárias do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Banco Central Europeu para recapitalizar os bancos, que teriam provocado um excesso de liquidez e um fluxo de capital volátil para suas economias.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, definiu esses fluxos como um "tsunami monetário" que supervaloriza o real e leva ao país a perder competitividade.
As políticas dos países ricos "podem ter representado um pequeno papel, mas não são a causa principal", afirmou Lagarde. Para ela, "a razão destes fluxos são a taxa elevada de retorno sobre o investimento, as perspectivas econômicas desses países e o aumento dos preços das commodities".