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Estado de Minas

Repsol acusa Kirchner de tapar crise com YPF e pede US$ 10 bilhões


postado em 17/04/2012 14:43 / atualizado em 17/04/2012 14:48

A Repsol acusou nesta terça-feira o governo da Argentina de expropriar a YPF para esconder sua própria "crise econômica e social" e anunciou que reivindicará 10 bilhões de dólares por uma decisão classificada de hostil pelo governo espanhol, cujo presidente acaba de chegar à América Latina em busca de apoio. "Ao levantar a bandeira da expropriação e buscar um responsável na YPF, o governo argentino tenta esconder a realidade", disse o presidente da Repsol, Antonio Brufau, em uma entrevista coletiva em Madri.

Segundo o Brufau, as autoridades argentinas entraram nas instalações da Repsol YPF "sob o amparo de uma lei de Videla", em uma referência ao ex-ditador Jorge Videla. "Esta atuação não é própria de um país moderno. O povo deste país merece outra coisa", afirmou. A Repsol pedirá em uma arbitragem internacional uma compensação de mais de 10 bilhões de dólares, que é o valor calculado pela empresa referente a sua participação de 57,4% na YPF. "Estes atos não ficarão impunes", disse Brufau.

O presidente da Repsol disse ainda que a campanha contra a empresa nas últimas semanas na Argentina foi "calculadamente planejada para provocar a queda da ação da YPF e facilitar a expropriação", com preço reduzido. "É ilegítimo e injustificável", disse. O governo argentino acusou a empresa de não cumprir os compromissos de investimentos no país. Kirchner enviou na segunda-feira ao Congresso um projeto de lei para declarar 51% da YPF de utilidade pública.


O Ministério de Assuntos Exteriores espanhol convocou nesta terça-feira o embaixador argentino em Madri, Carlos Bettini, após a decisão do governo de Cristina Kirchner. Esta é a segunda convocação de Bettini em quatro dias. "O país tem uma crise inflacionária, com níveis de inflação superiores aos que declara, de transporte, e crise cambial arbitrária que faz com que a economia argentina não seja competitiva", afirmou.

Esta decisão "situa a Argentina à margem da comunidade econômica internacional", afirmou o jornal El País, indicando que a YPF, dominada pelo governo argentino, perderá qualquer possibilidade de lucro. Ofensiva diplomática Pela segunda vez em quatro dias, o ministro de Assuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo se reuniu com o embaixador argentino em Madri, Carlos Bettini, em um ambiente de nervosismo que obrigou a chanceler a desmentir rumores sobre uma retirada de seu embaixador em Buenos Aires.

García-Margallo advertiu sobre as graves consequências que a expropriação trará para a Argentina, que "pode ver cortado seu acesso ao crédito internacional" devido a uma perda de confiança, advertiu. Nesse contexto, o presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, chegou ao México em sua primeira visita à América Latina, que havia sido planejada há semanas, mas que bruscamente se converteu em uma ocasião para captar apoios internacionais.

Convidado pelo Fórum Econômico Mundial sobre América Latina, Rajoy já chegou a Puerto Vallarta (oeste), onde se reúne com dirigentes de vários países latino-americanos e os responsáveis da OCDE, a OEA e com membros a Secretaria Geral Iberoamericana e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. "A decisão argentina rompe o bom entendimento existente anteriormente entre os dois países", disse Rajoy durante sua participação no Fórum.

A Espanha possui pleno respaldo de seus sócios europeus neste conflito. Bruxelas disse estar decepcionada pela decisão da Argentina, conforme reafirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso. Contudo, nem todas as vozes foram críticas à postura argentina, que foi elogiada e respaldada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, que em maio de 2006 nacionalizou os hidrocarbonetos, preferiu não opinar.

A medida argentina despertou temores de novos ataques a empresas espanholas no país ou mesmo em outros países da América Latina. Esse foi mais um golpe para a economia da Espanha, que voltou a cair na recessão dois anos depois de sair desta situação, conforme anunciou nesta terça-feira o presidente do Banco da Espanha, ao confirmar que a contração de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2011 continuou nos três primeiros meses do ano.

"A intensificação da crise da dívida soberana a partir do verão do ano passado interrompeu a tênue recuperação que a economia espanhola havia iniciado um ano antes", afirmou o presidente Miguel Fernández Ordoñez. Após o anúncio de expropriação da Repsol, a agência de classificação Fitch Ratings colocou o grupo petroleiro sob vigilância negativa.

Esta revisão "reflete a incerteza sobre as implicações financeiras da expropriação da YPF" e das eventuais indenizações referentes ao caso, indica a agência, que classifica com "BBB" o grupo petroleiro e que poderá rebaixar a nota em dois escalões.


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