Treze anos depois de ter feito parceria com a argentina YPF, o grupo petroleiro espanhol Repsol terá que revisar sua estratégia e resignar-se, de imediato, a perder uma quarta parte de seus ganhos com exploração, dizem analistas. decisão do governo de Buenos Aires de expropriar a filial argentina "nos tem causado enorme tristeza", disse na terça-feira o presidente da Repsol, Antonio Brufau.
Contudo, disse o presidente, devido à solidez da posição financeira da Repsol, esta decisão não afetará seus planos de desenvolvimento nem sua estratégia em matéria de dividendos", afirmou. A perda da YPF "em termos de geração de caixa, não afeta nada", disse. De momento, contudo, as cifras mostram claramente o peso da filial argentina nas contas da Repsol.
Em 2011, a empresa representou 25,6% de seu resultado de exploração, 21% do lucro líquido e 33,7% de seus investimentos. "São cifras importantes, mas que podem ser superadas", insistiu Brufau, enfatizando a solidez do grupo e afirmando que irá defender o respeito da segurança jurídica das empresas a nível internacional.
De acordo com analistas de mercado, a Repsol deve de fato se recuperar com certa rapidez após a perda da filial. "A verdadeira importância da YPF para a Repsol era de longo prazo, com o depósito estratégico de Vaca Muerta, que era muito interessante", disse Soledad Pellón, analista da IG Markets. "A Repsol está agora sem essa fatia do bolo que contava para o futuro", completa.
A Repsol YPF havia estimado no início de fevereiro que essa jazida, descoberta em 2011, continha o equivalente a 22,8 bilhões de barris de petróleo. No final do ano passado, o grupo classificou a descoberta como "a maior de sua história". "O principal problema para a Repsol a partir de agora será a reposição das reservas", disseram analistas da Bankinter em nota.
A região de Vaca Muerta foi avaliada pela Repsol em 13,7 bilhões de euros. "O grupo deve agora deixar de pensar na Argentina, de investir na Argentina, e terá que pensar em um litígio que será evidentemente árduo e longo", considera Virgina Pérez, da corretora Tressis sobre a intenção da Repsol de cobrar mais de 10 bilhões de dólares em indenizações.
De fato, a "Repsol já está se preparando para o futuro, para o novo plano de investimentos realizado por seu novo plano de negócios que será apresentado na próxima junta de acionistas", anunciou Brufau. Agora, "a companhia tem que seguir seu caminho, são muitos os países onde a empresa está investindo", disse Pérez, precisando que "Angola e Alasca são os países onde a empresa está concentrando sua explorações". Para ela, o fim do negócio na Argentina pode até ter seu lado positivo, se for considerado que o grupo não sofrerá mais com os riscos regulatórios que sofria no país, que sempre penalizava o grupo", afirma.