O recente esforço do governo para baixar os juros, com corte da Selic e pressão pela diminuição das taxas cobradas pelos bancos, e a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deverão ter um impacto positivo entre 0,5 e 1,0 ponto porcentual nas vendas do Dia das Mães, na avaliação do economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, e do presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun. A data é a segunda de maior faturamento para o comércio, depois do Natal. Já os lojistas, esperam vendas entre 5% e 9% acima das registradas em 2011, no mesmo período.
Mesmo com a intenção de compra do consumidor crescendo após a redução da Selic desde agosto, há quem avalie que os preços dos produtos devem cair no período, contrariando a ideia de que a demanda maior poderia puxar os preços para o alto. "A ideia não é que o consumidor compre desenfreadamente, mas que perceba a vantagem nos preços e aproveite este momento para consumir aquilo que planejava antes, mas achava caro", disse o gerente de relacionamento e negócios do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC-Brasil) e porta-voz da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Ronaldo Guimarães.
O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, prevê crescimento de 8% nas vendas sobre o Dia das Mães de 2011. Sem as medidas, a projeção de aumento giraria em torno de 7% a 7,5%. Sahyoun elogiou as políticas de incentivo do governo e ressaltou que o anúncio da redução das taxas de juros aumenta a intenção de compra do consumidor, ainda que as variações nos preços dos produtos não sejam grandes. Admitiu que as empresas podem acabar diminuindo um pouco o preço de produtos.
Guimarães, da CNDL, também avalia que a atuação do governo ajuda a impulsionar o comércio no Dia das Mães. "A baixa na taxa de juros tem sido fundamental para esse aumento na perspectiva das vendas", afirmou.
Marcel Solimeo, da ACSP, lembrou também a prorrogação da redução da alíquota do IPI para produtos da linha branca como um incentivo ao consumo. "Todas essas medidas para baixar os juros e os impostos são interessantes para o varejo. Só a notícia da redução já dá um ânimo para o consumidor", disse. Solimeo informou que a expectativa da ACSP de crescimento nas vendas do Dia das Mães deste ano em relação ao de 2011 fica entre 5% e 6%. Sem a adoção das medidas econômicas, o aumento poderia ser meio ponto porcentual menor, estimou.
Sobre a perspectiva de crescimento de 8% feita pela Alshop, o economista da ACSP disse que os shoppings, especificamente, podem ter desempenho melhor do que o varejo como um todo. "Eles fazem uma força de promoção conjunta, que é muito mais forte do que a das lojas isoladas".
Altamiro Carvalho, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), concorda que a redução de juros deve aumentar as vendas para a data. "Certamente isso já tem efeito imediato. O consumidor é muito suscetível na oferta da taxa de juros", disse. Para Carvalho, o cenário deste ano é melhor do que o de 2011. "Ano passado, o Banco Central tinha política de contenção do crédito, com ciclo de aumento de juros, por medo de um aumento da inflação. Esse ano, vemos o inverso acontecer", afirmou.
No Rio Grande do Sul, a expectativa estimada é de crescimento de vendas entre 8% e 9% em relação a 2011. A Fecomércio do Estado fez uma pesquisa que aponta que o gasto médio por pessoa com presente para as mães deverá ser de R$ 121,81. "Os juros e o Imposto sobre Produtos Industrializados caíram. Há uma série de estímulos para promover o consumo", disse De Marchi.
Em relação à escolha de produtos, na expectativa de Altamiro Carvalho, da FecomercioSP, os eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que dependem de crédito, deverão ser os produtos mais procurados para o Dia das Mães deste ano.
Também para o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, o setor de tecnologia estará entre os mais procurados, lembrando, porém, que bijuterias, sapatos, roupas, cosméticos e perfumaria sempre vendem bem na data. Já a Fecomércio-RS indicou que uma pesquisa mostrou que a maioria dos gaúchos (35,9%) pretende comprar peças de vestuário para as mães e 10,2% têm intenção de comprar eletroeletrônicos e eletrodomésticos.