O governo espanhol mantém a pressão sobre o executivo argentino a nível internacional com relação à expropriação da YPF, mas apesar de exigir que o país recue em sua decisão de expropriar a YPF, tentará também salvar os estreitos laços entre ambos os países, conforme afirmou nesta terça-feira o ministro da Indústria espanhol, José Manuel Soria.
Após afirmar na semana passada que a expropriação da petroleira por Buenos Aires era "uma decisão hostil", Soria suavizou o discurso nesta terça-feira, anunciando o desejo de Madri de "manter as melhores relações com todos os governos, inclusive o da Argentina".
"Isto não impede que o governo da Espanha defenda os interesses das empresas espanholas onde elas estiverem", disse ele ante o Parlamento. O chanceler José Manuel García-Margallo em uma reunião de ministros europeus de Relações Exteriores em Luxemburgo, onde defendeu a postura de seu país ante a expropriação da Repsol de 51% das ações de sua filial YPF, privatizada em 1999.
"Não se discute o direito da Argentina a sua soberania energética", afirmou. "O que se discute é que se possa expropriar sem pagar", completou o chanceler, ameaçando deixar Buenos Aires fora da negociação comercial entre União Europeia e o Mercosul.
Seus sócios europeus parecem compartilhar este desejo de negociação, segundo manifestou o vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela Indústria, o italiano Antonio Tajani, durante uma visita nesta terça-feira a Madri. "Nós não estamos contra a Argentina, mas eles têm que respeitar os pactos e os acordos a nível internacional", disse à ABC Punto Radio.
A Repsol pediu à Argentina 10,5 bilhões de dólares, valor sob o qual a empresa avaliou a YPF, e anunciou que recorrerá à mediação do Banco Mundial. Esta estimativa foi rejeitada por Buenos Aires. Na segunda-feira, a Repsol disse que processará qualquer empresa que aproveitar a expropriação da YPF para investir em sua filial argentina. "Nós nos reservamos o direito de empreender ações legais contra qualquer investimento na YPF ou em seus ativos ilegalmente expropriados da Repsol", declarou à AFP o porta-voz da Repsol Kristian Rix.
O ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido, viajou ao Brasil na semana passada para reunir-se com representantes da Petrobras em busca de investimentos na YPF, cuja expropriação de 51%, proveniente do pacote da espanhola Repsol, será debatido na quarta-feira no Congresso.
Esta semana, De Vido e o vice-ministro argentino da Economia, Axel Kicillof, têm na agenda reuniões com diretores das petroleiras americanas Chevron, Exxon e Conoco Phillips, além da canadense Talismã, entre outras, informou a entidade governamental que controla temporariamente a YPF, citada pela agência Télam. A Repsol estimou em 25 bilhões de dólares anuais durante uma década o investimento necessário para desenvolver a megajazida de Vaca Muerta, situada na província argentina de Neuquén.