As construtoras mineiras comemoraram a queda na taxa de juros para a compra da casa própria. O financiamento mais barato vai ajudar o mercado imobiliário a ganhar fôlego. “Agora esperamos que os bancos privados caminhem na mesma direção. De qualquer forma, só a medida da Caixa já ajuda, pois a instituição tem peso forte no mercado”, afirma Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O setor, que teve crescimento de 3,5% em 2011, espera repetir a dose neste ano.
Depois de queda de 62.28% nas vendas em janeiro, o mercado imobiliário de Belo Horizonte reagiu e vendeu em fevereiro 575 apartamentos novos, contra 218 no mês anterior, alta de 163,76%, segundo pesquisa da Fundação Ipead/UFMG e divulgada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG). O aumento surpreendeu o mercado, pois em fevereiro o número de dias úteis foi reduzido em função do Carnaval.
“Tivemos só uma ressaca de início de ano, mas as vendas praticamente voltaram aos níveis de 2011”, observa José Francisco Couto Cançado, vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG. Nos dois primeiros meses deste ano foram comercializados 793 apartamentos novos na capital, contra 810 no mesmo período de 2011, queda de apenas 2,10%.
“Achamos agora que as vendas vão superar as do ano passado. A queda de juros vai ajudar o segmento imobiliário e outros indicadores econômicos permanecem, como emprego, renda e crédito. O mercado está estável, com tendência de melhora. O governo trabalha para não deixar a crise contaminar nossa economia”, diz Cançado.
Otimismo
O diretor comercial e de marketing da Patrimar, Lucas Guerra, avalia que o mercado passa por uma acomodação. “A procura por imóveis continua”, diz. Ele ressalta que o Brasil está longe de viver qualquer recessão no mercado imobiliário. “Essa história de bolha imobiliária nos Estados Unidos aconteceu porque as pessoas refinanciavam a dívida. Aqui não existe essa forma de crédito”, destaca.
O superintendente da construtora Castor, Ítalo Gaetani, afirma que a queda de juros é positiva. “Nos financiamentos longos, de até 30 anos, aumenta o poder aquisitivo das pessoas. Demais agentes deverão seguir a Caixa”, avalia. “Quando o governo baixa a taxa de juros, ele está dando um recado: o ritmo da construção não pode diminuir”, completa Caio Celso Cardoso, diretor da construtora Excelso, focada nos segmentos B, C e D.
O diretor da Mobyra Incorporações, Rodrigo Guaracy, diz que a queda dos juros vai dar mais credibilidade não só para o comprador como para o investidor da área imobiliária. Ele conta que havia sentido queda no ritmo de vendas da construtora. “Até setembro do ano passado, a gente vendia entre 90% e 100% das unidades logo no lançamento. Agora comercializamos entre 30% e 40%. Tivemos que mudar a estratégia”, diz.
O crédito imobiliário com recursos da poupança também está em ritmo acelerado. Atingiu R$ 17,6 bilhões no primeiro trimestre, elevação de 9,9% sobre igual trimestre do ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip). Em março, os financiamentos para aquisição e construção de imóveis atingiram R$ 6,8 bilhões, uma alta de 9,4% sobre o mesmo período do ano passado.