O sentimento dos investidores no mercado europeu é de cautela nesta manhã, diante da queda mais acentuada do que era o esperado para os dados de confiança na zona do euro e do resultado trimestral do Santander. Fornece algum conforto a avaliação do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de que, se eleito, não abandonará a meta de redução do déficit fiscal. O dólar, que até agora ficou sem trajetória definida no exterior, começa a delinear avanço ante diversos de seus pares globais. Por aqui, a expectativa em relação a fluxo positivo de recursos contrapõe-se ao desempenho esperado para a moeda norte-americana diante da percepção de analistas (após a divulgação da ata do Copom) de continuidade da redução da Selic, ainda que de forma parcimoniosa. Estrategistas reforçam a avaliação de que, no curto prazo, queda do juro básico tende a fortalecer o dólar, por reduzir uma das variáveis de atratividade de recursos externos. O dólar no Brasil abriu em alta de 0,05%, a R$ 1,8840.
Os investidores internacionais ainda estão digerindo as citações em comunicado do Comitê do Mercado Aberto (Federal Open Market Committee, FOMC) e a fala do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke. Nomes importantes de corporações norte-americanas ainda divulgam resultados trimestrais hoje, o que deve ajudar a calibrar o desempenho dos mercados ao longo do dia, ao lado de dados da economia dos Estados Unidos. As declarações de Bernanke, ontem, forneceram suporte aos mercados acionários, fazendo com que o dólar perdesse fôlego, por não ter descartado a possibilidade de o Fed fornecer uma nova rodada de estímulos no caso de as condições econômicas exigirem.
No mercado doméstico, os agentes financeiros continuam atentos aos recursos derivados de ofertas de ações da Fibria (com giro de R$ 1,4 bilhão), BTG (R$ 3,6 bilhões) e Unicasa (captou R$ 425,6 milhões, número inferior à expectativa da empresa) que deve contribuir para pressão de baixa sobre a moeda norte-americana.
O Copom, na ata divulgada nesta manhã, citou entender que, "dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia". Não há mais a citação sobre "a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando". A ata também retirou a referência sobre preços benignos das commodities.
No curto prazo, a percepção de juro mais baixo contribui para ganho do dólar ante o real. "Mais cortes da Selic - ainda que a taxa continue alta para os padrões internacionais - significam redução de uma das razões de atratividade de dólares para o mercado doméstico, provocando valorização da moeda norte-americana aqui", citou um operador. No longo prazo, com exceção de um recrudescimento das condições no ambiente externo, os analistas enfatizam que as necessidades de investimento do País indicam que a tendência do real é de apreciação.