A valorização do dólar frente ao real foi o principal fator responsável pelo salto da inflação da indústria da transformação em março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 1 05%, após ter registrado três quedas consecutivas, de dezembro a fevereiro. "Nesse mês, tem muito do impacto da desvalorização do real. Em alguns setores, tipo papel e celulose, fumo, os preços estão muito atrelados ao dólar. Isso acaba influenciando essa variação", explicou Alexandre Brandão, gerente do IPP.
O IBGE calcula que o real caiu 4,48% em relação ao dólar em março. Na pesquisa, alguns setores, sobretudo dos exportadores, fornecem as informações de preços em dólares, que depois são convertidas para o real pela equipe do instituto. Por isso, a inflação medida pelo IPP tem influência direta do câmbio.
Em março, as maiores variações no IPP foram as que sofreram maior impacto da alta da moeda americana. Os equipamentos de informática subiram 4,70%; fumo, 4,28%; papel e celulose, 3,82%; outros equipamentos de transporte, 2,56%; e outros produtos químicos, 1,51%.
"O setor de informática, que vinha apresentando variação negativa, foi um dos destaques de alta. O dólar pega esse setor porque tem muita matéria-prima importada. Se fica um pouco mais cara a matéria-prima, isso encarece o produto, principalmente computador. Mas também tem a proximidade com o Dia das Mães, quando alguns produtos aumentam de preço, como telefones celulares", citou Brandão. "Em outros equipamentos de transporte essa alta foi dos aviões, que também têm influência da moeda americana."
No caso do setor de alimentos, que teve variação de 1,59% em março, os produtos que puxaram a inflação foram os derivados de soja e suco de laranja, também sob a influência do dólar. Já as atividades de confecção de artigos de vestuário (2,02%) e de calçados e artigos de couro (1,71%) sofreram um reajuste sazonal que acontece no período de troca de coleção pela chegada da nova estação.