O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel classificou como positivo o resultado das contas públicas em março. Ao apresentar o superávit primário do setor público consolidado do mês passado nesta sexta-feira, afirmou que o desempenho de março não foi recorde como visto em janeiro e fevereiro, mas o desempenho "foi bom".
No primeiro trimestre, o primário acumulado de R$ 45,972 bilhões é o melhor desempenho para o período da série histórica. Um ano antes, por exemplo, o esforço fiscal do governo para pagar juros da dívida somava R$ 39,262 bilhões.
Com esse desempenho, o setor público termina o trimestre com o cumprimento de cerca de um terço da meta para o ano. Além disso, a meta quadrimestral já foi cumprida. "Os números denotam uma situação favorável para o cumprimento pleno da meta este ano", disse Maciel. "A perspectiva é de que isso, em termos nominais, siga nessa trajetória até o fim do ano."
Maciel informou que o gasto público para pagar juros da dívida, que somou R$ 21,037 bilhões no mês passado, foi o pior resultado da série histórica para o mês. "Apesar de recorde, tivemos um patamar muito semelhante ao visto um ano antes. É só um pouco acima de 2011", minimizou.
"Apesar de ser o pior desempenho para o mês, o número indica um aspecto bastante favorável: estamos em mesmo patamar do ano passado", disse, ao lembrar que março de 2012 teve um dia a mais que em 2011 e que o estoque da dívida bruta seguiu em elevação e acumula crescimento de 11% no ano. "Isso evidencia que o custo da dívida diminuiu. Diminuiu porque a taxa Selic caiu e a inflação também", explicou, ao comentar que o quadro econômico sinaliza que a tendência é de queda dos gastos com juros da dívida ao longo do ano.
Previsão é de que déficit nominal recue
Maciel acredita que haverá uma queda mais acentuada do déficit nominal das contas do setor público acumulado em 12 meses a partir do segundo semestre. "Veremos queda maior do déficit nominal no segundo semestre", disse.
No primeiro trimestre de 2012, o déficit nominal atingiu 2,41% do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão do BC é de um recuo para 1,2% do PIB ao final do ano. Se essa previsão se confirmar, será o menor déficit nominal da série histórica do BC para esse indicador, que teve início em 2001.
"A tendência é de que os gastos com juros continuem e recuar. Eles já vêm caindo", avaliou o chefe do Depec. A previsão do BC é de que as despesas com juros fechem o ano em 4,3% do PIB. Se confirmada esse previsão, será o melhor resultado da série.
Segundo Maciel, o déficit nominal de março, de R$ 10,595 bilhões é o pior para o mês desde 2010. Já o déficit nominal de R$ 12 995 bilhões é o melhor desde 2008, quando as contas apresentaram um superávit nominal de R$ 770 milhões.