O ritmo de recuperação da confiança no comércio atacadista pode chegar ao varejo nos próximos meses, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Comércio (Icom) recuou 4 3% no trimestre encerrado em abril, em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, essa queda havia sido de 5,9% no trimestre encerrado em março. No trimestre terminado em fevereiro, o recuo havia sido ainda maior, de 9,1%.
"Como o atacado está no meio da cadeia, entre a produção e o varejo, pode ser que essa recuperação clara seja uma sinalização que antecipe a recuperação do varejo restrito e do ampliado", avaliou o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. "Mas não temos série histórica que comprove isso", disse. O setor atacadista responde por um terço (33,8%) da formação da taxa do Icom, que saiu de uma queda de 4,3% no trimestre encerrado em março para um recuo de 4,4% no trimestre terminado em abril.
"Essa discreta piora é resultado de um movimento de melhora da percepção sobre a situação atual e de uma piora da avaliação das expectativas", contou o economista do Ibre. "Havia uma expectativa de que a economia se recuperasse mais rapidamente." Porém, os resultados dos últimos meses apontam para uma recuperação no patamar de confiança dos empresários do comércio, ainda que moderado. "Há um movimento de recuperação nos últimos meses, mas é muito lento, muito gradual", afirmou Sales.
A série da Sondagem do Comércio foi iniciada em março de 2010. Não há informações suficientes para fazer o ajuste sazonal dos dados. Por isso, os pesquisadores fazem os cálculos com base na média móvel trimestral e sempre comparando os resultados com o mesmo período do ano anterior. "Para fugir ainda mais das oscilações cíclicas, a gente faz a conta para os trimestres encerrados em cada mês. Os resultados são amortecidos", explicou Sales.