O número de desempregados na Espanha recuou 0,14% em abril, dando um ligeiro respiro ao país após o recorde histórico de falta de emprego alcançado em março, em um contexto de recessão, anunciou nesta sexta-feira o Ministério espanhol de Trabalho, que se mostrou, no entanto, pessimista para 2012.
Este ligeiro retrocesso põe fim a oito meses consecutivos de alta do desemprego na Espanha, onde 24,44% da população ativa está sem trabalho, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que utiliza um método de cálculo diferente a do Ministério.
Segundo o Escritório de Estatísticas europeu, Eurostat, a Espanha apresentou uma taxa de desemprego de 24,1% em março. Em abril, o país registrou 6.632 desempregados menos que em março, mas ainda registra 4.744.235 de parados.
No que diz respeito a jovens com menos de 25 anos, os mais afetados pelo desemprego com uma taxa de 52% segundo o INE, o retrocesso foi de 1,6% em abril com relação a março. Contudo, a tendência do último ano se mantém em alta já que na Espanha há hoje 474.875 parados a mais do que há 12 meses, o que representa um aumento de 11,12%.
O mês de abril é tradicionalmente positivo para o mercado de trabalho na Espanha, devido ao feriado da Semana Santa, que estimula o turismo. Os números deste ano, no entanto, representam apenas 10% da melhora registrada em abril de 2011, quando houve 64.000 parados a menos.
Segundo a secretária de Estado de Emprego e Segurança Social, Engracia Hidalgo, as previsões do governo para o conjunto do ano antecipam um aumento do desemprego em 2012 e uma "lenta recuperação em exercícios posteriores"."Esse é o efeito da segunda recessão que estamos sofrendo", afirmou.
A Espanha entrou novamente em recessão no primeiro trimestre do ano, quando registrou um retrocesso de seu PIB de 0,3%. A secretária de Estado recordou a importância da reforma do mercado de trabalho adotada em fevereiro, que "põe à disposição das empresas os instrumentos de flexibilidade que lhes permitirão adaptar-se às mudanças em seu entorno, inclusive os mais adversos".
Uma maré humana se manifestou pelas ruas de toda Espanha em 29 de março em uma greve geral organizada contra esta reforma e outras medidas de austeridade aplicadas pelo governo conservador de Mariano Rajoy, no poder desde dezembro.
O executivo de Madri deve reduzir o déficit público do país a 5,3% do PIB ao final deste ano, após um desvio de 8,51% em 2011, ao custo de duros sacrifícios sociais. Com este objetivo, o governo apresentou para 2012 um dos orçamentos mais austeros da história recente do país, que preveem ajustes de 27,300 bilhões de euros.