(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Juros caem, mas falta renda para financiar imóveis

Queda nas taxas lota feirão da Caixa, mas regras de comprometimento do orçamento deixam frustradas as famílias, que ainda não conseguem encaixar as prestações em seus ganhos mensais


postado em 07/05/2012 06:57 / atualizado em 07/05/2012 07:34

A redução dos juros para compra da casa própria financiada pela Caixa Econômica Federal passou no teste do feirão de imóveis que a instituição realizou no fim de semana em cinco capitais, mas deixou exposto um entrave ainda a ser resolvido: a oferta insuficiente de apartamentos e casas compatíveis com a renda familiar do brasileiro. Ainda que a queda dos encargos nos empréstimos imobiliários torne possível o sonho da moradia própria, a entrada exigida e o peso das prestações no orçamento global das famílias continuam a inviabilizar negócios no banco e nas construtoras. Esse descompasso reflete os rendimentos que os candidatos a mutuário não conseguem conciliar com o imóvel escolhido.

Conforme balanço divulgado no começo da noite de ontem, nos três dias do feirão em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e Recife, foram acertados negócios no valor de R$ 3,958 bilhões entre contratos assinados junto às construtoras e aqueles negociados. O evento, que completou a oitava edição, reuniu 170,8 mil pessoas e mais de 430 mil imóveis usados, novos e em construção ofertados. Em BH, 6.301 contratos negociados e encaminhados somaram R$ 946,6 milhões, entre 14.647 imóveis oferecidos, dos quais 10,5 mil enquadrados no programa Minas casa, minha vida, de subsídio à moradia popular. O universo de 29.537 visitantes ficou próximo dos 30 mil no feirão do ano passado, mas as cifra total negociada aumentou 12,6%. O feirão foi realizado também em Salvador, mas, até o fechamento desta edição, o balanço da capital baiana não havia sido divulgado.

Helen Verlaini Dias e o marido Thiago, vão pagar prestação superior ao aluguel(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Helen Verlaini Dias e o marido Thiago, vão pagar prestação superior ao aluguel (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Para quem saiu frustrado do feirão diante dos valores da entrada e das prestações ainda altas, o gerente regional da Caixa Federal em Minas, Marivaldo Araújo Ribeiro, diz que o problema está na escolha de imóveis incompatíveis com a restrição legal dos financiamentos, cujas prestações não podem comprometer mais de 30% da renda. “Não é a entrada que está alta. O nosso desafio é aumentar a oferta de unidades compatíveis com a renda das famílias”, afirma. Dentro do Minha casa, minha vida, a instituição pode financiar todo o valor do imóvel, desde que o empréstimo seja quitado em 20 anos (240 meses). Fora do programa, com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), é necessária uma entrada mínima de 10% do valor total, respeitada a regra básica de comprometimento de no máximo 30% da renda familiar com o financiamento.

Nessas condições, candidatos a mutuário com renda familiar de até R$ 3,1 mil mensais só ficam livres da entrada no financiamento se optarem por imóveis avaliados em até R$ 106 mil. “A redução dos juros não só despertou o interesse pela casa própria, como também, segundo as nossas expectativas, deverá melhorar a capacidade de pagamento das famílias”, diz o gerente da Caixa Econômica em Minas. Outro resultado esperado é o aumento da oferta de imóveis pelas construtoras.

As taxas de juros baixaram de 8,4% ao ano para 7,9% anuais para a faixa de renda de R$ 3,1 mil a R$ 5 mil. Acima disso e para imóveis oferecidos por valores superiores a R$ 150 mil, os encargos caíram de 10% para 9% ao ano, com a flexibilidade para chegarem a 7,9% nos casos em que o interessado transferir a conta salário para a Caixa. De todos os negócios fechados ou negociados no feirão, 70% atenderam casais de jovens com até 35 anos.

Esforço
Depois de dois anos e meio buscando uma forma de adquirir o teto próprio, ontem foi um dia de comemoração para o almoxarife Thiago Aparecido Melgaço e a mulher, Helen Verlaini Dias, auxiliar financeira, ambos de 24 anos. “Buscamos essa chance desde que nos casamos”, contou Thiago. A redução dos juros deu um empurrão na decisão, mas o casal teve de se esforçar para reunir o dinheiro necessário à entrada de R$ 6 mil e vai precisar controlar muito bem as despesas. A prestação da casa própria, avaliada em R$ 106 mil, começa em R$ 602, sem contar o valor do condomínio, ao passo que o aluguel pago hoje soma R$ 400.

Além dos interessados em comprar um imóvel, foi também expressivo o número de pessoas que procuraram o estande da Construtora Rossi para saber se é possível renegociar um financiamento anterior à redução dos juros, informou o diretor da Rossi Vendas, Leonardo dos Santos. No meio da tarde de ontem, a empresa estimava ter negociado no feirão um terço dos 373 imóveis lançados e em fase de acabamento na Grande BH que ofertou no evento, avaliados em até R$ 350 mil.

A Caixa não vai renegociar contratos para que o mutuário aproveite os juros menores do crédito imobiliário. Segundo o gerente regional da instituição, Marivaldo Ribeiro, o governo criou a opção da portabilidade para permitir que aqueles mutuários com contratos firmados junto a outras instituições transfiram o empréstimo para a Caixa. O negócio, no entanto, só será feito para quem se tornar cliente da instituição.

EXEMPLO DE ECONOMIA
Veja o benefício que os juros menores poderão representar nas simulações da Caixa

Imóvel avaliado em R$ 200 mil
Taxa cai de 10% para 9% ao ano
Entrada de R$ 20 mil

Financiamento a ser pago em 30 anos
1ª prestação de R$ 1.862,46
Última prestação de R$ 528,60

Economia de R$ 1.800 por ano

 

Imóvel avaliado em R$ 150 mil
Taxa caiu de 8,4% para 7,36% ao ano
Entrada de R$ 12.735,74

Financiamento a ser pago em 20 anos
1ª prestação de R$ 1.437,89
Última prestação de R$ 597,65

Economia de R$ 3mil ao ano


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)