(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Mineiros ignoram elevação do câmbio e aumentam a procura por férias nos EUA

Apesar de o dólar ter ficado mais caro nos últimos meses, não houve queda nas vendas de viagens para as cidades preferidas na América do Norte. Alta prevista para julho é de 20%


postado em 08/05/2012 06:00 / atualizado em 08/05/2012 07:36

A ordem direta entre a alta do dólar e a queda na procura pelas viagens ao exterior não valeu este ano. Os mineiros ignoraram a elevação do câmbio e aumentaram a procura por férias e compras nos Estados Unidos. Nas agências de viagem de Belo Horizonte, as compras de viagens para a terra do Tio Sam cresceram entre 10% e 12% de janeiro a este mês, na comparação com mesmo período de 2011, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). Para as férias de julho é esperado crescimento em torno de 20%.

Os empresários do setor apontam duas justificativas para o aquecimento das viagens ao exterior: o consulado americano divulgou recentemente diversas facilidades para viajar aos Estados Unidos, como a abertura ontem do escritório em Belo Horizonte. Além disso, os diversos voos diretos abertos pelas companhias aéreas do aeroporto de Confins para Miami, com preços a partir de US$ 890 (R$ 1,79 mil), ajudaram a incentivar os turistas a cruzar fronteiras e aumentar a frequência de viagens aos EUA. O movimento não ocorre só em Minas. Dados do governo americano mostram que os EUA esperam receber neste ano 18% a mais de turistas brasileiros do que em 2011.

Os destinos mais procurados são Miami, Orlando, Nova York e Las Vegas. “O dólar alto não está espantando os clientes, pois está subindo gradativamente, dentro de um patamar aceitável”, afirma Antônio da Matta, presidente regional da Abav.  E em julho, diz, em função da demanda maior para a Disney, em Orlando, a procura deve ficar ainda maior.

Miriam Lazarini confere no mapa os pontos turísticos que pretende visitar em Miami e Nova York:
Miriam Lazarini confere no mapa os pontos turísticos que pretende visitar em Miami e Nova York: "Ainda vale a pena" (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Na Acta Turismo, a alta do dólar também não afetou as vendas. “Ainda temos defasagem grande de preço em relação aos Estados Unidos. O turismo no Brasil está caro. E a forma de financiamento dos pacotes internacionais está igual à dos nacionais”, diz José Carlos Vieira, diretor da Acta. Na agência, a procura por pacotes para os Estados Unidos cresceu em torno de 20% este ano. “Hoje você consegue encontrar uma diária de hotel cinco estrelas por US$ 100 (cerca de R$ 202). No Brasil chega-se a pagar R$ 500 pela diária em hotel do mesmo porte”, diz Vieira. As agências de viagens estavam cobrando ontem R$ 2,02 pelo dólar turismo. Em janeiro a cotação estava em torno de R$ 1,85.

Na Belvitur Turismo a procura pelas viagens aos Estados Unidos está ainda mais aquecida: cresceu em torno de 40% este ano. Para as férias de julho é esperado aumento de 25% na demanda. “Os voos diretos de Confins estão ajudando a aquecer as vendas, e agora há a abertura do Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (Casv) na capital”, diz Marcelo Cohen, diretor da Belvitur. Os clientes que compravam pacotes para os Estados Unidos uma vez por ano, conta, hoje chegam a adquirir até quatro no mesmo período. “As classes sociais A, B e C estão fazendo viagens internacionais”, observa Cohen.

A alta do dólar também não espantou o turista da Primus Turismo. “O Casv aqui ajuda. Muitas vezes a pessoa chegava com a família querendo viajar e nem todo mundo tinha o visto, o que era um dificultador”, observa Kika Vernalha, analista de marketing da agência.

A funcionária pública Míriam Denise Xavier Lazarini embarca com a amiga Jane Palhares para Miami e Nova York no dia 23. As duas vão passar 12 dias nos Estados Unidos, onde pretendem passear, ir a espetáculos e fazer compras. A viagem foi programada há dois meses. Mesmo com a alta do dólar, Miriam acha que as compras ainda valem a pena. “O aumento não foi tão grande”, diz. Ela desembolsou cerca de US$ 2,5 mil no transporte aéreo e hospedagem e pretende gastar mais US$ 3 mil com alimentação e compras. Será a sexta vez que Miriam visita os Estados Unidos.

Facilidades com o centro de atendimento em BH

Emprego em alta e economia estável foram alguns dos fatores que tornaram mais fácil a ida do brasileiro à terra do Mickey Mouse. Interessado nos dólares que esses turistas passaram a despejar mundo afora, o governo americano decidiu facilitar a vida de quem quer viajar para o país, abrindo escritórios regionais para acelerar a expedição de vistos, autorização exigida para entrar nos EUA. O atendimento agendado pela internet evita as filas, que no passado começavam a se formar na porta dos consulados americanos ainda de madrugada.

Em Belo Horizonte, o Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (Casv) foi aberto ontem, como uma prévia do consulado previsto para chegar no fim de 2013. O turista mineiro aprovou o atendimento mais simples e rápido, mas apontou que melhor mesmo será quando a capital contar com um consulado, que coloca um fim na necessidade de deslocamento para outras cidades para entrevistas.

No primeiro dia de atendimento no Bairro Santa Efigênia, o Casv registrou mais de 200 atendimentos. A capacidade do local é para atender 700 turistas por dia. O vice-cônsul dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Patrick McCormick, destacou que o processo foi simplificado. “Agora existe apenas uma taxa, antes eram três. O valor ficou um pouco menor e a expectativa é de que o atendimento também seja mais rápido.” Segundo ele, a atual taxa a ser paga é de US$ 160. A embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Brasil processaram 103,5 mil vistos em abril de 2012, 51% a mais que no mesmo mês de 2011.

O centro de atendimento facilita a vida principalmente de quem quer renovar o visto vencido a menos de quatro anos, menores de 15 anos e maiores de 66 anos. Esses três resolvem todo o processo em Belo Horizonte. Já quem planeja conhecer os Estados Unidos e tenta o visto pela primeira vez, terá de viajar a um dos consulados (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife ou Brasília) para a entrevista.

A família do funcionário público Guilherme de Castro se prepara para uma temporada de dois anos nos Estados Unidos, onde ele vai fazer uma especialização. “Foi muito rápido o agendamento pela internet. Consegui a entrevista para o dia seguinte e a dúvida que tive foi esclarecida pelo telefone”, afirma. Apesar do escritório em Belo Horizonte, Guilherme terá que finalizar o processo com uma entrevista na embaixada em Brasília. “Melhor seria se todo o processo pudesse ser feito aqui”, comentou.

Ricardo Ladeira Calvo recentemente estragou seu passaporte. O documento foi molhado, o que danificou a fotografia e o visto antigo. “Achei ótimo ter esse centro em Belo Horizonte. Não vou precisar viajar para trocar o visto. Posso fazer isso aqui mesmo”, apontou.

Os brasileiros já ocupam o terceiro lugar do ranking da gastança de dólares nos EUA, depois do Japão e do Reino Unido. Com o novo perfil, estão deixando de ser vistos com ares de desconfiança para serem incentivados a gastar nos parques da Flórida ou nas lojas de Nova York.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)