O Dia das Mães, segunda melhor data para o comércio depois do Natal, ainda nem chegou, mas os lojistas já estão otimistas com as vendas do Dia dos Namorados, em 12 de junho. A expectativa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) é de que, até junho, os preços das mercadorias já tenham caído nas compras a prazo devido às recentes medidas adotadas pelo governo Dilma Rousseff para reduzir as taxas de juros.
"Da queda dos juros até a implantação nas redes de varejo há uma demora. No Dia das Mães, vamos ver um pequeno reflexo disso (da baixa dos juros), muito mais pela propensão do consumidor a comprar mais. Já para o Dia dos Namorados grande parte das lojas estará com o preço dos produtos mais baixos", afirmou o diretor de Relações Institucionais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso da Silva.
Para ele, o corte da Selic e a redução das taxas de juros cobradas pelos bancos devem incentivar o consumidor, embora o reflexo nos preços não seja imediato. Assim, a expectativa é de que o Dia dos Namorados - quando as medidas já devem ter provocado queda dos preços - registre um aumento significativo das vendas.
Já o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Altamiro Carvalho, entende que não é possível estimar o tempo que a redução das taxas de juros leva para surtir efeito nos preços das mercadorias. Segundo ele, o timing vai depender da estratégia de cada empresa varejista. "Normalmente, o varejo contrata com uma (empresa) financeira, que estabelece uma determinada taxa de juros. Aqueles que têm mais agilidade vão ter condições de imediato de repassar isso ao consumidor, mas depende das condições em que essa parceria se dá."
A tendência é de que o consumo se mantenha em um nível positivo nos próximos meses, concordam o assessor da FecomercioSP e o diretor da Alshop. "Há uma pressão muito forte da sociedade para que ocorra uma redução das taxas de juros e isso vai ficar muito evidente quando o consumidor entrar na loja e vir que a prestação está menor que a do ano passado", afirmou Altamiro Carvalho.
De acordo com ele, contudo, apesar do cenário otimista, ainda é necessário pressionar os bancos para reduzirem os juros e o spread. "Quanto menor a taxa de juros, maior a facilidade que o consumidor tem de pegar o financiamento e pagá-lo, mas ainda há um descompasso entre a queda da taxa básica e a taxa de empréstimo cobrada pelo setor financeiro", disse Carvalho, explicando que há questões, como a inadimplência, que são apontadas pelos bancos para manter as taxas altas.