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Estado de Minas

Baixa nas vendas faz indústria automobilística dar férias coletivas na Grande BH


postado em 09/05/2012 10:46 / atualizado em 09/05/2012 11:04

O recuo nas vendas do setor automobilístico em abril está dando seus primeiros sinais negativos nas empresas do setor, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Desde terça-feira, 587 funcionários da Teksid, empresa de fundição de autopeças, localizada em Betim, estão de férias remuneradas por dez dias. O número equivale a cerca de 15% dos funcionários da empresa.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e região, João Alves de Almeida, a Fiat sinalizou recentemente que também poderia colocar cerca de dois mil funcionários em férias remuneradas, a partir da próxima semana. Contudo, a empresa parece ter voltado atrás na decisão e notificado o sindicato de que as férias podem ser suspensas.

Almeida explica que a suspensão seria uma forma da montadora de frear as especulações da mídia em relação à queda de produção do mercado. “A Fiat chegou a nos comunicar por telefone que ia colocar duas mil pessoas de férias, mas ontem (terça-feira) ela disse que estudava a possibilidade de suspender as férias. Isso porque, segundo ela, a mídia está criando um estardalhaço com a questão e isso não é necessário. A empresa está contratando, eu mesmo acompanhei isso, então não há motivo de alarde”, afirma.

Cerca de 15% dos funcionários estão de férias remuneradas por dez dias(foto: Moises Silva/EM/D.A Press)
Cerca de 15% dos funcionários estão de férias remuneradas por dez dias (foto: Moises Silva/EM/D.A Press)

Para ele, o momento não pode ser considerado como uma crise do mercado. “Nesse momento não (dá para falar de crise). Não tivemos alteração no número de demissões, então se a produção está baixa acredito que pode ser retomada. O que vemos é que houve uma queda nas vendas, porque os bancos estão dificultando o financiamento de carros”, explica. “Se as férias forem confirmadas é para mudar algum gargalo na produção, para melhorar as linhas, nada mais. Não é crise no setor, não é esse o problema hoje”, completa.

Apesar do contato confirmado pelo sindicato, a Fiat informou que não há férias programadas. Mesmo assim, outras categorias que fazem parte do setor automobilístico também sentem o reflexo das mudanças que podem ser explicadas pela queda nas vendas.

De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas totais de veículos tiveram uma queda de 14,2% na comparação de abril com o mês anterior e de 10,8% se comparado ao mesmo mês de 2011. Os transportadores de veículos confirmam que o interesse das concessionárias têm sido baixo nos últimos meses. “O efeito da diminuição da produção já chegou na nossa cadeia. A partir do momento que as vendas caíram nas concessionárias a gente começou a sentir as mudanças”, destaca o presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais, Carlos Roesel.

“O estoque nos pátios da Fiat já vai para 45 dias, o que significa que, se a fábrica parar de produzir, ela ainda tem veículos o suficiente para 45 dias de vendas. 250 carretas nossas já foram dispensadas até o dia 20 desse mês, em função dessa diminuição das vendas, ou seja, um quarto da nossa frota está parada”, pontua. Ele ainda afirma que a queda surpreendeu a categoria que vinha, desde o ano passado, se preparando para um crescimento no trabalho.

“Fizemos um aumento de frota no meio do ano passado por causa do crescimento do mercado e agora pegamos esse momento ruim. É tudo inesperado. Nosso carregamento diário que era próximo de 3000 mil carros agora gira em torno de 1500 a 1800. Estamos esperando uma mudança por parte do governo porque se continuar assim a situação pode ficar insustentável”, completa.

Caminhões

A assessoria de imprensa da Teksid confirmou que a procura por seus produtos diminuiu e que, diante disso foi necessária a licença coletiva. O momento seria utilizado então para o reajuste do estoque da empresa, é o que afirma a assessoria. De acordo com a Teksid, a queda na procura foi sentida especialmente entre os equipamentos para a produção de caminhões, fazendo com que a parada temporária em algumas linhas de produção desse setor acontecesse.

Diante da baixa, montadoras do estado de São Paulo também estão adotando medidas para equilibrar a produção, já que vários pátios de veículos estão lotados. A fabricante de caminhões e ônibus Mercedes-Benz, que também tem uma fábrica em Juiz de Fora, anunciou para 480 funcionários paulistas a licença remunerada de um mês. Assim como a Fiat, em Betim, as montadoras paulistas também fazem parte do mercado que a Teksid atende. De acordo com dados da Anfavea, no setor dos caminhões foram licenciadas 11.586 unidades, 27,2% a menos do que em março.


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