O dia deve ser de recuperação da Bovespa, após ter encerrado a sessão de ontem abaixo dos 60 mil pontos, no menor nível desde janeiro. Embora a China tenha sinalizado enfraquecimento da atividade e do consumo nos dados da balança comercial em abril, os mercados internacionais parecem deixar os números negativos de lado e mostram disposição para recompor ao menos parte das fortes perdas exibidas recentemente. Dados sobre auxílio-desemprego nos Estados Unidos, por sua vez, surpreenderam positivamente, sustentando a melhora dos negócios. Às 10h08, o Ibovespa subia 1,45%, aos 60.653,47 pontos.
O estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, avalia que apesar de as importações e exportações da China terem vindo abaixo do esperado, o mercado acionário global passa por um ajuste técnico, após quedas seguidas em todas as praças. "Melhorou o humor na Bolsa da Espanha, depois de o governo tomar as rédeas do Bankia, e na Grécia, com (o ex-ministro das Finanças, Evangelos) Venizelos tentando equalizar um governo de coalizão", afirma.
Depois que os dois primeiros colocados nas eleições parlamentares de domingo fracassaram na tentativa de formar um governo, o socialista Evangelos Venizelos estava encarregado a partir de hoje de buscar um gabinete de coalizão nacional.
Os mercados europeus e norte-americanos se animaram com rumores de que a Grécia teria chegado a um acordo para formar um governo de coalizão, após a mudança da Esquerda Democrática. Às 10h09, a Bolsa de Frankfurt subia 0,86%, a Bolsa de Paris, 0,36% e a Bolsa de Madri, 3,65%.
Já nos EUA, o índice futuro do S&P 500 acelerou a alta e subia 0,81%, no horário acima, depois que o dado sobre os pedidos semanais de auxílio-desemprego veio melhor que o esperado, com queda de mil solicitações, ante previsão de alta de cinco mil pedidos.
O déficit comercial em março, por sua vez, foi pior que o esperado, de US$ 51,83 bilhões, ante previsão de US$ 50 bilhões. O dado de fevereiro da balança comercial norte-americana foi revisado para baixo, a um déficit de US$ 45,42 bilhões. A agenda norte-americana prevê ainda hoje a divulgação das contas do governo em abril, às 15 horas. Além disso, os mercados globais estarão atentos à fala do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, às 10h30.
Na China, o superávit da balança comercial cresceu para US$ 18,4 bilhões em abril, de US$ 5,4 bilhões em março, superando a previsão de saldo positivo de US$ 10,4 bilhões. Porém, na comparação com um ano antes, as exportações aumentaram 4,9%, enquanto as importações, +0,3%, ficando abaixo das estimativas de altas de 10% e 8,5%, respectivamente.
Apesar dos números mais fracos na China, o operador-sênior da Renascença Corretora, Luiz Roberto Monteiro, aposta em recuperação da Bolsa ao longo do dia. "Bateram demais no mercado ontem. Eu acho que houve exagero e pode haver correção", diz ele, referindo-se à queda de 0,96% no pregão desta quarta-feira, culminando em quatro sessões de desvalorização em maio, de um total de seis. Monteiro acrescenta, no entanto, que o cenário global ainda é de dúvida, especialmente diante de dados mistos.
No noticiário corporativo, é importante destacar que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu na noite de ontem liminar suspendendo a execução de dívida de R$ 30,6 bilhões da Vale, referente a impostos sobre lucros das controladas no exterior. A dívida não será executada até que o STF julgue o processo. Para Galdi, da SLW, essa decisão, "com certeza", ajudará a ação da mineradora hoje.