Brasília – Os dois bancos públicos voltaram a anunciar nessa quinta-feira cortes nas taxas de juros e redução no custo das aplicações financeiras. O BB anunciou queda de até 40% nas taxas de administração de nove fundos de investimento. A medida entra em vigor dia 21. Antes disso, os clientes do banco que aderirem ao programa Bom Pra Todos poderão passar a investir R$ 1 em dois fundos de investimento da instituição, o BB Referenciado DI e o BB Renda Fixa LP. Antes o investimento mínimo era de R$ 50 mil. A taxa de administração de ambos os fundos é de 1% ao ano.
“Ampliamos os benefícios oferecidos aos clientes dos pacotes Bom Pra Todos e tornamos mais fácil, democrático e popular o acesso aos fundos de investimento com taxas de administração e rentabilidade bastante atrativas”, disse Dan Conrado, vice-presidente de Varejo, Distribuição e Operações do Banco do Brasil. As taxas dos fundos que sofrerão redução variavam entre 2,5% e 3,5% ao ano. As novas taxas ficarão entre 1,50% e 2,60%. O BB já possuía outros fundos com taxas a partir de 1%, que não foram alteradas.
A Caixa também aproveitou para anunciar novidades para seus clientes. Desta vez, caíram os juros para as pessoas físicas que pegam a linha de crédito Construcard. A taxa anterior, que era de 2,40% ao mês agora pode chegar até 1,96%. E quem precisa penhorar uma joia para obter um dinheirinho extra também foi beneficiado. A nova taxa do penhor foi unificada em 1,7% ao mês. Antes o cliente pagava entre 2,4% e 2%.
Também os juros para financiamento de veículo, que antes variavam entre 1,55% e 0,89%, passaram para o intervalo de 1,36% a 0,89%. No caso das empresas, foram reduzidas a taxa máxima do cheque especial, que foi para 4,26% e a de antecipação de recebíveis, de 1,26% para 1%. Na Caixa as novas taxas já entram em vigor hoje, exceto o Construcard, cujo novo percentual vale a partir do dia 21.
Governo negocia
O Palácio do Planalto vai continuar a insistir na queda das taxas de juros aos consumidores e também na portabilidade, mas está disposto a ouvir os bancos privados, ainda que as “afrontas” patrocinadas pela entidade que representa o segmento, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), tenham acirrado os ânimos. O governo, inclusive, deve abrir as portas para negociação, ao menos para os executivos das instituições de maior porte, e olhar com mais atenção para a lista de exigências entregue ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em abril.
A presidente Dilma Rousseff pode ceder em alguns pontos, porém, apenas se tiver garantias sólidas de que a queda nos juros será repassada verdadeiramente aos consumidores, sobretudo no crédito imobiliário. A despeito da melhora na relação, ainda não houve nenhuma conversa sobre esses temas e o governo deve avançar, nos próximos dias, apenas em relação à regulamentação do cadastro positivo e o aperfeiçoamento da portabilidade.
Durante as negociações, os banqueiros pretendem pressionar a equipe econômica principalmente em relação aos depósitos compulsórios, recursos que as instituições financeiras são obrigadas a guardar no Banco Central para que não haja excesso de dinheiro em circulação e aumento da inflação. Eles querem que o percentual depositado nos cofres do BC seja menor que o atual — até março esse montante somava R$ 407 bilhões.
No lucro
A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, alta de 46% em relação ao mesmo período do ano passado. O retorno sobre o patrimônio foi de 25,3%, o mais alto já divulgado para o período entre os grandes bancos brasileiros. O crescimento do lucro foi puxado pela expansão do crédito. A carteira total de empréstimos do banco encerrou março em R$ 270 bilhões e cresceu 41% em 12 meses e 7,7% no primeiro trimestre ante o quarto período do ano passado, também a maior expansão entre os grandes bancos brasileiros.
Nova poupança trava no BB
Os correntistas da caderneta de poupança do Banco do Brasil (BB) passaram o dia dessa quinta-feira sem conseguir fazer depósitos, saques ou retirar extratos de suas contas. O sistema de resgates e aplicações ficou indisponível desde o fim da manhã até por volta das 17h. Segundo o BB, foi registrada uma “indisponibilidade momentânea” no sistema, que resultou no atraso do processamento de parte das aplicações e de resgates em poupança.
Por volta das 15h, o motorista Dirceu Geraldo da Silva Filho tentou fazer um depósito na conta de poupança da empresa para a qual trabalha, mas não conseguiu. A saída foi depositar o dinheiro na conta corrente. “Vim fazer o depósito, mas não deucerto e não posso esperar. Trabalho num pet shop e tenho um cachorro dentro do carro. Não dá para movimentar a conta de jeito nenhum”, explica. Um funcionário da instituição disse à reportagem que o sistema parou no fim da manhã por causa das mudanças na caderneta de poupança.
O Banco do Brasil informou em nota que as funcionalidades das aplicações e resgates em poupança foram restabelecidas em todo o país. “O BB lamenta os transtornos e garante que não haverá prejuízos para os clientes”, diz a nota. O restabelecimento das funcionalidades ocorreu em todos os canais de atendimento. O BB informou que foi possível, até às 22h, realizar transações a serem processadas na data de ontem, inclusive pela internet."(Zulmira Furbino)