Paris – A maioria esmagadora dos acionistas do Casino votou nessa sexta-feira a favor da decisão do grupo varejista francês de remover dois membros do seu conselho de administração, entre eles o empresário Abilio Diniz, em meio a entraves no Brasil e na França. O presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, também afirmou em encontro anual de acionistas que a tendência para os negócios no seu mercado doméstico ficou inalterada no mês passado ante o primeiro trimestre, e manteve a previsão de crescimento de 10% para a receita este ano.
O Casino havia informado em março que seu conselho de diretores propôs a não renovação do mandato do presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar, após disputa travada devido à tentativa de o empresário de adquirir lojas brasileiras do Carrefour, principal rival do Casino na França. A fusão criaria um gigante brasileiro do setor de distribuição, com vendas anuais de US$ 40 bilhões. Mas o conselho de administração do Casino rejeitou a oferta de fusão e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não confirmou o apoio, o que impediu o avanço do projeto.
Ainda em março, o conselho propôs também não renovar o mandato de Philippe Houze, presidente da varejista Monoprix, cujo controle é compartilhado pelo Casino e pela Galeria Lafayette. A Monoprix tem sido alvo de uma disputa por participação e controle entre ambas as companhias. Os acionistas do Casino votaram a favor das propostas relacionadas a Diniz e a Houze em 99,74% e 99,85%, respectivamente. A varejista francesa se prepara para assumir o controle do Pão de Açúcar em junho, em um movimento que reduzirá a influência de Diniz sobre o grupo.
Planos Em março, o Casino afirmou que irá exercer seu direito de se tornar o único acionista controlador do Pão de Açúcar em 22 de junho, o que era previsto em acordo de acionistas assinado em 2005. A empresa francesa tem elevado sua participação em mercados como Brasil, Colômbia, Uruguai, Vietnã e Tailândia, ao passo que os gastos com consumo na Europa têm sido prejudicados pelo aumento de preços. "Em 2012, manteremos nossa estratégia de aumento da rentabilidade em países em crescimento onde aceleraremos nossa expansão em nossos vários formatos. Na França, continuaremos a desenvolver formatos de conveniência e lojas de desconto", disse Naouri.
As vendas internacionais equivalem a 49% das receitas do Casino, sendo que o Brasil, que responde por 50%, é atualmente o segundo maior mercado da companhia depois da França. Após assumir o controle do Pão de Açúcar, o Casino estará apto para consolidar totalmente a varejista brasileira ao seu balanço este ano, mudando de forma drástica seu perfil de crescimento.
Naouri disse aos acionistas ontem que o Casino quer "acelerar a expansão nos segmentos alimentar e não alimentar no Brasil" e desenvolver a bandeira Minimercado Extra, assim como o Assaí. No segmento não alimentar, o Casino quer que o Grupo Pão de Açúcar prossiga com a integração de Casas Bahia e Ponto Frio, enquanto planeja a abertura de 60 lojas e o crescimento em comércio eletrônico.