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Estado de Minas

Nem incentivos salvam indústria

Governo avalia que setor terá o pior semestre da história com economia global fraca. Emprego tem 6ª queda seguida


postado em 12/05/2012 06:00 / atualizado em 12/05/2012 07:12

Os incentivos do governo com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a desoneração da folha de pagamento de alguns setores e a redução das taxas de juros não vão ser suficientes para salvar o início de ano da indústria brasileira. O primeiro semestre será um dos piores da história para a fábricas no pais, segundo afirmou ontem o secretário- executivo do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria (MDIC), Alessandro Teixeira. “Falar em competitividade no cenário atual é difícil não só para o Brasil, mas para todos os países industrializados”, disse Teixeira, citando a desaceleração do comércio exterior da China como uma preocupação geral. Teixeira participou do seminário Política Industrial no Século 21, no BNDES, no Rio de Janeiro.

Indagado sobre o efeito da recente disparada do dólar sobre o setor industrial, Teixeira disse que ela beneficiará vários segmentos, mas para aqueles que dependem da importação de insumos haverá certamente algum comprometimento da cadeia. “Não existe câmbio de equilíbrio. Quem disser que há um câmbio de equilíbrio está mentindo”, afirmou. “O câmbio bom depende do segmento”. Para o secretário, a questão crucial para a indústria é a redução da volatilidade cambial, que permite ao setor privado se planejar para investir”, acrescentou.

Para agravar o quadro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem que o emprego industrial recuou 0,4% em março na comparação com fevereiro, na série livre de influências sazonais, após ter registrado recuo de 0,3% em janeiro e de 0,1% em fevereiro. Na comparação com março de 2011, houve baixa de 1,2% – o sexto resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde dezembro de 2009 (-2,4%).

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) acredita que a recuperação do emprego industrial só ocorrerá no segundo semestre. Em relatório divulgado na sexta-feira, a entidade afirma que não está claro qual será o comportamento tanto da produção industrial como dos ocupados na indústria neste segundo trimestre. “Já sabemos que a evolução da produção industrial é recessiva nos últimos meses, de setembro do ano passado a março deste ano, e que no primeiro trimestre do ano a atividade produtiva da indústria é 3% menor do que era em igual período de 2011, mas com os dados de emprego divulgados pelo IBGE o quadro da indústria ganhou uma pincelada cinza”, afirma o relatório do Iedi.

O resultado do emprego industrial no primeiro trimestre, segundo o Iedi, acumula retração de 0,8% no comparativo com igual período do ano passado, um dos piores resultados da série histórica para um primeiro trimestre. Para a entidade, um dos agravantes desse cenário é o que ocorre em São Paulo. “O número de ocupados na indústria paulista vinha recuando a taxas expressivas de maio do ano passado até fevereiro deste ano, e em março o resultado não foi diferente. Caiu 3,5%. No primeiro trimestre, o emprego na indústria paulista despencou 3,1% em relação a igual período do ano passado”, descreve o relatório.

Recuperação Apesar do cenário global confuso e dos pífios resultados da indústria nacional, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento diz que se mantém otimista em relação à evolução das exportações e da indústria. “Continuo afirmando que este deve ser um dos piores semestres que a indústria deverá ter com certeza. Mas, ainda assim, mesmo sendo um semestre difícil, porque é difícil para a indústria mundial, para a brasileira, eu tenho sido muito otimista com os resultados que temos apresentado, no crescimento da indústria internamente, no crescimento das exportações”.

Até o primeiro quadrimestre, as exportações nacionais cresceram 4,5%, o que seria um indicativo frente à projeção do MDIC de alta de 3,1% das vendas externas em 2012. A estimativa, entretanto, é muito inferior ao crescimento de 26% conseguido pelas exportações em 2011. O cenário global explica a distância entre as previsões para os dois anos acredita Teixeira. “A grande diferença este ano é o problema da desaceleração da economia internacional”.

 

 

Salários têm leve recuo

 

O valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou 0,7% em março em relação a fevereiro, depois de registrar expansão por dois meses consecutivos período em que acumulou ganho de 6,4%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca, no entanto, que houve clara influência da redução de 7,8% no setor extrativo, por causa do pagamento de participação nos lucros em empresas desse setor em fevereiro. O índice de média móvel trimestral apontou expansão de 1,8% entre os trimestres encerrados em fevereiro e março, intensificando o ritmo de crescimento frente aos resultados de janeiro (1,3%) e fevereiro (1,5%).

No confronto com igual mês do ano anterior, o valor da folha de pagamento real cresceu 4,2% em março, 27º resultado positivo consecutivo nesse tipo de comparação. O índice acumulado no primeiro trimestre de 2012 apontou avanço de 4,6% frente a igual período de 2011. O índice acumulado nos últimos 12 meses cresceu 3,9% em março deste ano, prosseguiu com a redução no ritmo de crescimento iniciada em maio de 2011 (7,3%). Na comparação com março do ano passado, houve resultados positivos nos 14 locais investigados. As maiores influências sobre o total nacional foram verificadas em Minas Gerais (9,7%) e no Paraná (13,4%), por causa da indústria extrativa.

Vale citar também os avanços verificados na região Norte e Centro-Oeste (9,8%), região Nordeste (5,1%), Santa Catarina (6 6%) e Rio Grande do Sul (5,1%). Setorialmente, ainda no índice mensal, o valor da folha de pagamento real no total do País cresceu em 11 dos 18 setores investigados, com destaque para alimentos e bebidas (13,8%), indústrias extrativas (15,4%), máquinas e equipamentos (7,0%), refino de petróleo e produção de álcool (14,2%) e minerais não metálicos (7,6%).


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