O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha no primeiro trimestre, que veio acima do esperado, garante certo otimismo aos mercados no exterior, embora o cenário seja frágil. A reunião desta terça-feira entre os principais líderes políticos da Grécia, em busca da formação de um novo governo de coalizão, está no foco das atenções e pode determinar um rumo mais consistente para os negócios em todo o mundo. No Brasil, com a agenda de indicadores esvaziada, o mercado de juros abre o dia sem uma direção definida, de olho nos desdobramentos da crise na zona do euro. Com a Selic atualmente em 9,00% ao ano, a curva a termo segue precificando uma redução de 0,50 ponto porcentual no juro básico na próxima reunião do Copom, no fim deste mês, e uma redução de 0,35 ponto no encontro seguinte. O que, na prática, indica uma divisão entre os que apostam em uma baixa adicional de 0,50 e os que projetam um recuo de 0,25.
Às 9h30 (horário de Brasília), a taxa dos contratos futuros de DI com vencimento em janeiro de 2013 marcava 7,90%, ante os 7,91% do ajuste da sessão de segunda-feira. Já a taxa do DI para janeiro de 2014 estava em 8,38%, mesmo valor do ajuste anterior.
Na Europa, os dados divulgados pela Alemanha conseguem dar certa sustentação aos índices de ações nesta manhã, após o forte recuo de segunda-feira, embora a situação da Grécia ainda assombre os mercados. O PIB da Alemanha subiu 0,5% no primeiro trimestre de 2012 ante os últimos três meses do ano passado, acima da alta de 0,1% esperada pelos analistas. Em relação ao primeiro trimestre de 2011, a alta foi de 1,2%, maior que o 0,8% previsto.
Além disso, embora o índice ZEW de expectativas econômicas da Alemanha tenha recuado para 10,8 em maio, ante a baixa esperada de 19,8, o índice de condições atuais do indicador marcou 44,1, contrariando a previsão de recuo para 38,3.
Na zona do euro como um todo, os dados do primeiro trimestre não foram bons, mas, pelo menos, também não foram desastrosos. Segundo números divulgados hoje pela agência de estatísticas da União Europeia (Eurostat), o PIB da zona do euro ficou estável no primeiro trimestre do ano na comparação com o último trimestre de 2011 e com os primeiros três meses de 2011. Com isso, a região escapou da recessão, apesar da contração de 0,3% dos últimos três meses do ano passado. Tecnicamente, ocorre recessão quando há recuo do PIB por dois trimestres seguidos.
"Os dados da zona do euro foram melhores do que o esperado, principalmente o PIB da Alemanha, que levou a zona do euro a evitar uma recessão técnica", resumiu Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco WestLB do Brasil. "Mas a questão da Grécia permanece e o mercado fica em compasso de espera. Se a Grécia não conseguir montar um novo governo, o país pode não receber a parcela de ajuda e isso poderia gerar um efeito dominó nos mercados."
Além do impasse político já que a Grécia segue lutando para formar um novo governo de coalizão, o país continua tendo resultados ruins na economia. O PIB grego desabou 6,2% no primeiro trimestre do ano, ante o mesmo período de 2011. No último trimestre do ano passado, o país já havia registrado contração de 7,5%.
Na Itália, outro país que está no foco das preocupações, o PIB recuou 0,8% nos primeiros três meses do ano, na margem, mais que o 0,6% esperado por analistas. Em Portugal, o PIB recuou 2,2% no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano passado, e caiu 0,1% na margem. Já o PIB da França ficou estável no primeiro trimestre, na margem, em linha com o esperado por economistas.
Nos EUA, as vendas no varejo subiram 0,1% em abril, em linha com a previsão dos analistas. Já o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em abril, também em linha com as previsões, enquanto o índice de atividade Empire State marcou 17,09 em maio, ante previsão de 9,3.
Neste cenário, às 9h37, no mercado de títulos norte-americano, a taxa do T-Note de 10 anos marcava 1,80665%, ante 1,781% do fim da tarde de ontem. Já o T-Bond de 30 anos estava em 2,9658%, ante 2,938% de segunda-feira.