O mercado de capitais brasileiro, com uma regulamentação considerada referência entre países emergentes, tem potencial para dobrar sua participação no investimento total na economia. A previsão é do Centro de Estudo do Mercado de Capitais (Cemec) do Ibmec, apresentada nesta terça-feira no Fórum Nacional, que acontece na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Para que o potencial se desenvolva, é preciso facilitar o acesso de um maior número de empresas - sobretudo as de menor porte, com operações de menor valor - aos produtos, como emissões de dívida e lançamento de ações. "O benefício final é a redução do custo de capital para as empresas", disse a jornalistas o professor Carlos Antonio Rocca, um dos coordenadores do Cemec, após palestra no Fórum Nacional.
Segundo estimativas do Cemec, atualmente o mercado de capitais responde por apenas 1,9% do total do investimento da economia brasileira (Formação Bruta de Capital Fixo) que, em 2011, atingiu 19,3% do PIB. No período de 2000 a 2011, a média ficou em 1,2%, diante de uma FBCF de 17,3%.
Um dos focos da proposta é incentivar o desenvolvimento do mercado de dívida privada. A tendência atual de queda na taxa básica de juros abre oportunidades para aumentar a demanda de investidores por esses títulos - que normalmente oferecem rentabilidade superior à dos títulos públicos.
O espaço para aumento de demanda é grande: em dezembro, apenas 7 7% da carteira de R$ 2,2 trilhões dos investidores institucionais era aplicada em títulos de dívida privada.
"Uma das dificuldades é que as operações do mercado de capitais brasileiro envolvem volumes muito grandes, muito maiores do que a grande maioria das empresas poderia participar", afirmou Rocca.