A incerteza política na Grécia, um país afetado pela dívida e a recessão, derrubava as Bolsas nesta quarta-feira e aumentava o temor de contágio para outros países da Eurozona.
Todas as Bolsas europeias operavam em baixa: Londres perdia 1,03%, Frankfurt 0,99% e Paris 0,16%. Na Ásia, Tóquio perdeu 1,12%, Hong Kong cedeu 3,19% e Seul 3,08%. O euro registrava uma leve recuperação, depois de ter sido negociado abaixo de 1,27 dólar pela primeira vez em quatro meses.
As incertezas provocaram o disparo do prêmio de risco (o risco país: diferencial com os bônus da Alemanha a 10 anos, considerados os mais seguros) dos países mais expostos.
As taxas de juros da Espanha alcançaram 6,495%, e as da Itália se aproximavam de 6%, enquanto o rendimento do título alemão registrava um novo mínimo histórico, de 1,434%.
O diferencial dos títulos da dívida da Espanha para os da Alemanha superou assim os 500 pontos básicos (5%), a 507. A aversão ao risco dos investidores foi demonstrada pelas emissões de títulos com juros em queda por Alemanha e França.
O mercado também está preocupado com a situação dos bancos da Espanha, em particular do Bankia, quarto banco do país e recentemente nacionalizado em consequência da forte exposição a ativos podres.
Depois do anúncio de que os resultados de 2011 podem ser alterados após uma auditoria, a ação do Bankia perdia 9,56%, a 1,864 euro, durante a manhã na Bolsa de Madri.
A situação grega se agravou na terça-feira com o fracasso das negociações para a formação de um governo de coalizão de socialistas e conservadores, partidários dos ajustes impostos pela União Europeia (UE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Assim, o país voltará às urnas e, de acordo com as pesquisas, os partidos contrários à austeridade devem ganhar ainda mais força. O eventual fim dos acordos com a Grécia poderia resultar na saída do país da Eurozona, incerteza que abala os mercados.
Mas o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, afirmou nesta quarta-feira que o programa de resgate em troca dos ajustes está fechado e que nenhuma força política grega pode sonhar em voltar a negociar suas condições.
"É um programa de ajuda preparado de forma minuciosa e não pode ser renegociado", declarou Schauble."A Grécia deve estar preparada para aceitar a ajuda proposta e aqueles que vencerem as eleições deverão decidir se aceitam estas condições ou não", completou.