A Bovespa recomeça o ano e, desta vez, já devendo alguns trocados. Depois de acumular queda em oito de dez pregões nesse início de maio, a renda variável brasileira migrou ontem do positivo para o negativo em 2012, em meio ao nervosismo provocado nos mercados financeiros pela Grécia. Hoje, porém, os investidores tentam se desvencilhar do drama grego, de olho na agenda econômica dos Estados Unidos, que pode, enfim, engatar uma recuperação dos negócios com risco. O balanço da Petrobras, que surpreendeu do lado positivo, também pode ajudar a sustentar os ganhos. Às 10h05, o Ibovespa subia 1,44%, aos 57.047 pontos, na pontuação máxima após abertura.
Em comentário postado ontem no twitter, a Legan Asset destacou o momento em que o Ibovespa passou a acumular perdas no ano, negociado já abaixo dos 57 mil pontos e com perdas ao redor de 2%. "Começa o ano para Bovespa! Voltamos para o 0x0", disse o economista Fausto Gouveia, no microblog. É válido lembrar que os ganhos em 2012 já estiveram próximos a 20%, em meados de março, impulsionados, principalmente, pela valorização de 11% apenas em janeiro.
Para o operador sênior da Renascença Corretora, Luiz Roberto Monteiro, os investidores "amassaram demais" a Bolsa brasileira recentemente, que apresenta um descompasso de desempenho em relação aos mercados no exterior. "Não há indexação do Ibovespa com Nova York", diz, referindo-se à valorização ainda acumulada no ano pelos índices Dow Jones e S&P 500. O profissional acredita que, enquanto no houver um regresso maciço do capital estrangeiro na Bolsa, "não haverá pullback (recuperação)".
Portanto, os ganhos inspirados para o dia não devem animar tanto. "Para trazer algum sinal de retomada, seria importante a recuperação da região acima de 58,1 mil pontos", comenta, em relatório, o analista técnico da Florença, Gilberto Coelho. Profissionais de mercado também avaliam que uma estabilização da taxa de câmbio (dólar/real) é fundamental para a volta das compras por parte dos "gringos".
Mas o importante é que, ao contrário dos últimos dias, o sinal positivo prevalece nos mercados internacionais nesta manhã. Os investidores tentam se desvencilhar das amarras criadas pela Grécia e ensaiam recompras seletivas, sobretudo na Europa. Os dados econômicos dos EUA, por enquanto, contribuem para essa melhora.
Foi informado hoje que as construções para novas moradias no país cresceram 2,6% em abril, embora abaixo da previsão de alta de 4,7%, ao mesmo tempo que as permissões para novas construções recuaram 7,0% no mês passado, acima da previsão de queda de 4,5%. O dado de março foi revisado para cima e apontou queda mais suave, de 2,6%, nas construções de moradias em março, para queda de 5,8% originalmente.
Hoje o Federal Reserve publica a ata da última reunião de política monetária e os agentes financeiros seguem monitorando a possibilidade de uma nova rodada de afrouxamento quantitativo (QE3) diante da deterioração da crise das dívidas europeias. No horário acima, o futuro do S&P 500 subia 0,45%.
Internamente, o balanço da Petrobras também deve agitar os negócios. A estatal petrolífera surpreendeu ao registrar lucro líquido de R$ 9,214 bilhões, o que representa uma queda de 16% em relação ao mesmo período do ano passado, menos intensa, porém, que a esperada pelo mercado. A geração de caixa medida pelo Ebtida somou R$ 16,521 bilhões, equivalente a um aumento de 4%, na mesma base de comparação. No primeiro trimestre do ano, a Petrobras continuou sendo afetada negativamente pela defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno, assim como pelo maior custo com as importações de derivados, como a gasolina.
Tanto o lucro quanto o Ebtida vieram acima da média das expectativas de nove instituições financeiras consultadas pela Agência Estado. As projeções apontava para um lucro de R$ 7,685 bilhões da petrolífera no período e um Ebtida de R$ 14,105 bilhões.