O Facebook, maior rede social do mundo, com 901 milhões de usuários, estreia hoje na Nasdaq, em Nova York, com ações cotadas a US$ 38 em uma oferta pública inicial (IPO) que levantou US$ 16 bilhões. Os números garantem à empresa o maior IPO da internet. As ações – que terão a sigla FB – começam a ser negociadas ainda na manhã de hoje, depois que o executivo com cara de bebê Mark Zuckerberg tocar o sino de abertura da Nasdaq diretamente da sede do Facebook em Menlo Park, na Califórnia, rodeado pelos executivos, engenheiros e outros empregados da companhia.
Enquanto alguns especialistas estimam ganhos entre 10% e 20% já no primeiro dia de operações, outros dizem que qualquer salto menor que 50% seria decepcionante. Observadores também revelam que a grande quantidade de ações, aliada à elevada faixa de preço, pode reduzir os ganhos do primeiro dia em até 10%.
Agora, com valor de mercado estimado em US$ 104 bilhões, a empresa se aproxima do valor de mercado de gigantes como Amazon.com e e supera o HP e Dell somadas. A aposta do Facebook em abrir capital na Nasdaq quando a companhia tem apenas oito anos de idade sinaliza uma rápida evolução da empresa que passou de um serviço universitário oferecido no campus de Harvard para a terceira maior operação de IPO da história dos Estados Unidos, atrás apenas da Visa e General Motors.
Cerca de 421, 2 milhões de ações ordinárias estão sendo ofertadas. Cerca de 180 milhões de ações próprias foram vendidas, outros 241,2 milhões estão vindo de antigos acionistas, incluindo o fundador e diretor executivo da empresa Mark Zuckerberg. O valor individual da ação, inicialmente estimado entre US$ 28 e US$ 35 foi revisto esta semana para o intervalo de US$ 34 a US$ 38 e negociado no topo da faixa.
Desde que anunciou a abertura de capital na bolsa, a rede social está sob forte demanda por parte de investidores, apesar da desaceleração no crescimento de sua receita. Isso porque o lucro do primeiro trimestre recuou 12% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 205 milhões. A cifra foi impactada por aumento nos custos de marketing e com pesquisa e desenvolvimento. As preocupações referentes ao faturamento ficaram maiores na terça-feira, quando a GM anunciou que planejava deixar de anunciar no Facebook por avaliar como baixo o impacto da publicidade no site.
Mesmo diante das incertezas, o analista de mercado financeiro, Paulo Vieira, avalia como positiva a aposta da empresa. De acordo com ele, por movimentar milhões de usuários em todo o planeta e ter crescimento contínuo, a expectativa é alta. Diante da disseminação do Facebook e a inserção permanente de novas empresas e produtos no site, ele disse acreditar que a empresa terá o retorno esperado. “Um IPO sempre pode reservar surpresas, mas a perspectiva é de que a maior parte das ações lançadas esta semana, independentemente do aumento no preço, seja vendida”, estima.
INOVAÇÃO O otimismo também guia os especialistas em mídias sociais, que analisam a iniciativa pela ótica da inteligência digital e da inovação. “Quem investir vai optar por uma empresa global, que deve chegar à marca de 1 bilhão de usuários em 2012”, aposta o presidente da Webconsult, empresa de soluções digitais, Leonardo Bortoletto. Para os usuários, ele prevê a possibilidade de uma nova quebra de paradigmas, já que, ao abrir a empresa para o mercado, o Facebook terá que ser mais ágil nas respostas aos investidores o que pode gerar projetos inovadores para justificar esse aporte.
O CEO da Samba Tech, empresa de soluções para vídeos on-line, Gustavo Caetano, acredita que, no que diz respeito à usabilidade, o Facebook não trará revoluções imediatas para o usuário. “Seria muito arriscado fazer uma grande mudança neste momento e conseguir agradar uma base de quase 1 bilhão de usuários”, diz. Agora, para Caetano, o ponto-chave é o Facebook justificar o alto valor de suas ações. “Para isso terá que desenvolver um modelo de publicidade que aumente a receita gerada através de anúncios. Esse será o grande desafio, casar a usabilidade com o modelo de monetização”, lembra. (Com agências)
Objetivo era aproximar estudantes de Harvard
Fundado em 2003, nos corredores de Harvard por Mark Zuckerberg e por seus colegas Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, o Facebook foi inicialmente desenvolvido para funcionar como uma ferramenta de relacionamento social para os estudantes da universidade. Com o passar do tempo, o Facebook caiu nas graças de alunos de outras escolas dos EUA, que divulgaram a ferramenta pelo resto do mundo. Em 2005, os jovens fundadores receberam US$ 12,8 milhões em investimento da Accel Partners, que até ontem detinha 11,5% das ações da empresa. No ano seguinte, Peter Thiel, Greylock Partners e Meritech Capital Partners investiram mais US$ 25 milhões no site.
A expansão da rede social e seus investidores e o lançamento de aplicativos para utilização no site, Zuckerberg se tornou o mais jovem bilionário da história, com fortuna avaliada em US$ 17,5 bilhões, segundo a revista Forbes. O filme “A rede social”, de 2010, contou em detalhes a história do surgimento da empresa. Com o ganho apurado no IPO, a parte de Zuckerberg na empresa passa a valer US$ 24 bilhões, o que o deixa na posição de 15º homem mais rico do planeta.