“Um exímio falsificador”. Assim o delegado da 1ª Delegacia Especializada de Investigações a Furtos e Roubos de Veículos Automotores, Antônio Celso Lanna Rabelo, classificou Jean Carlos Almeida, 37 anos, preso em abril no Bairro Vera Cruz, região leste. O suspeito mantinha um laboratório de falsificações de documentos diversos e na casa foram encontradas 45 carteiras de habilitação adulteradas, chancelas de chefes de departamento de trânsito, documentos de identidade, folhas em branco de certidões de nascimento, selos do judiciário e de cartórios, autorização para viagens de menores e mais de 200 cheques, todos “finamente “ falsificados. Foram apreendidos também computadores, equipamentos e programas usados na falsificação.
A polícia ainda não conseguiu identificar quantas pessoas fazem parte da quadrilha, quem e quantos se beneficiaram com a documentação falsa elaborada por Jean. E muito menos como o falsário conseguia trabalhar com tanta exatidão. “Isso é apenas um programa de computador que qualquer um compra em São Paulo, na 25 de março” , simplificou o detido. Ele não negou as falsificações, mas disse que a polícia está mentindo ao alegar que se chegou a ele através de um carro clonado. “Nunca roubei carro, nunca clonei automóvel. Trabalho apenas com os documentos”, justificou falando, inicialmente que os fazia para uso próprio. Mas, depois confirmou que uma carteira de motorista podia custar até R$300.
Clone
A polícia chegou até Jean Carlos após uma denúncia de um carro clonado e com o qual se encontrou também os documentos falsificados. No dia da apreensão, no Bairro Vera Cruz, estava na casa Junia Cláudia de Abreu, 36 anos, que inicialmente se pensou tratar de uma comparsa e a prendeu também. Pouco depois a mulher confessou que estava na casa de Jean para comprar cheques, “pois ia estourar a praça de Sete lagoas”, completa o delegando Lanna. Mesmo assim ela foi presa, por estelionato, mas já foi solta por decisão da justiça. “Abrimos um novo inquérito, uma cautelar, pedindo a prisão preventiva dele e de outros envolvidos. Assim poderemos fazer um levantamento amplo de todos os envolvidos neste caso, definir quem são os componentes da quadrilha, quantas e que pessoas foram beneficiadas e ainda conhecer as vítimas deles, pois há muito documento roubado entre o que foi apreendido”, declarou o delegado.
O delegado afirmou que onde tem documento falsificado tem carro roubado e carro clonado. Sabe que Jean Carlos podia até não roubar carros, mas tinha quem o fizesse para ele. Jean rebate falando que a polícia está fazendo uma acusação falsa. “Nunca roubei nada. Respondo processo por outra falsificação, no caso, de uma carteira de Habilitação, pois precisei, mas sou taxista e comerciante. Estava na condicional” . Lanna retruca alegando que o detido não fazia apenas “obras de arte” , numa referência a qualidade dos documentos falsificados.
Jean Carlos de Almeida, que é casado em tem seis filhos, resultado da união com duas esposas, vai responder por falsificação de documentos públicos, falsificação de documentos privados, formação de quadrilha, adulteração de veículo auto-motores. “Com esse crime ele pode pegar até 25 anos de prisão. Ou mais pois como abrimos outro inquérito e estamos levantando mais dados, pode ter mais problemas”, declarou o delegado Lanna. Segundo ele está se chegando aos poucos às pessoas cujos nomes estavam em poder de Jean Carlos, ainda se está levantando quem foi vítima ou quem participa da quadrilha. Como há documentos roubados de outros estados como São Paulo e Rio, é necessário checar setores de trânsito para se conhecer a extensão do crime.