A crise econômica internacional aumentou a volatilidade nos leilões dos títulos públicos, mas a turbulência não teve influência significativa nos juros que o Tesouro Nacional paga para administrar a dívida pública. Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública, José Franco de Morais, o cenário interno de queda dos juros está prevalecendo sobre a instabilidade nos mercados financeiros.
“A crise internacional afeta o câmbio e, por tabela, os demais indicadores econômicos, como os juros. Só que a volatilidade observada até agora é pontual e não afeta de forma estrutural a dívida pública”, disse o coordenador.
De acordo com Morais, os contratos de juros futuros, cujas taxas se aproximam dos rendimentos de títulos prefixados, fecharam março em 10,5% ao ano. Os juros caíram para 9,85% ao ano no fim de abril e atualmente estão em torno de 9,7% ao ano, embora tenham chegado a subir por causa da crise na zona do euro em alguns dias.
O coordenador admitiu que, ao longo deste mês, o Tesouro deixou de vender títulos públicos por causa das turbulências no mercado financeiro. “Em certos momentos, não fizemos os leilões para não sancionar [aceitar] as taxas altas pedidas pelos compradores”, declarou Morais. Ele, no entanto, disse que as taxas recuperaram a trajetória de queda nos dias seguintes.
Definidos como a taxa que os investidores aceitam para comprar papéis do Tesouro Nacional, os juros dos títulos públicos medem a confiança dos investidores na capacidade de o governo honrar os compromissos. De acordo com o coordenador, esse indicador é afetado por turbulências externas, mas depende principalmente dos fundamentos da economia brasileira, que, segundo Morais, continuam sólidos.