Ainda é cedo para as montadoras de veículos e a rede de revendedores apostarem numa rápida redução dos estoques, com o novo impulso da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente nos automóveis e utilitários e o acordo para diminuição dos preços nas tabelas, proporcionando a oferta de carros zero quilômetro até 10% mais baratos. No primeiro fim de semana depois do anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, os consumidores voltaram às lojas, divididos entre os que fecharam contratos e quem ainda vai pesquisar mais.
Em cinco grandes concessionárias de veículos de Belo Horizonte visitadas pela reportagem do Estado de Minas, ao lado de quem decidiu pela compra, animado por uma economia variando de R$ 2 mil a R$ 6 mil, dependendo da marca e do modelo, boa parte dos interessados preferiu gastar tempo antes de confirmar o negócio, com a mesma reclamação de que esperava vantagens maiores.
O consumidor apertou os vendedores com uma boa pesquisa de preços e reivindicou benefícios que as revendas não se arriscaram a retirar, apesar do IPI reduzido, a exemplo da oferta gratuita de acessórios e do emplacamento, além de uma composição de taxas de juros mais baixos, inclusive nos planos de financiamento sem entrada. Fora das promoções intituladas de juro zero, os encargos cobrados na compra financiada continuam a fazer sombra à inflação, com percentuais anunciados a partir de 0,99% ao mês, ante uma variação de 0,33% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de BH nos últimos 30 dias terminados na terceira semana deste mês, de acordo com levantamento da Fundação Ipead, vinculada à UFMG.
Afiada nos preços cotados desde o mês passado, Renata Teixeira levou a família para auxiliá-la na decisão de compra de um Fox. Até a semana passada, ela encontrou o carro usado por R$ 38 mil, ante o orçamento que tinha em mente, de R$ 35 mil, e o novo foi cotado a até R$ 42 mil. Com a redução do IPI, os preços consultados na manhã de ontem em uma concessionária da Região Leste de BH recuaram a uma opção por R$ 36.400 pelo carro zero quilômetro, mas ela ainda não se deu por satisfeita. Com a ajuda da mãe, Regina, e dos irmãos Adriana e Gabriel, tentava negociar não só um preço melhor, como benefícios para pagar à vista.
“Tem de haver uma condição diferente para o pagamento imediato”, protestou Renata Teixeira. O irmão, Adriano, argumentou o bom negócio que a forma de pagamento escolhida representa para a empresa. “Afinal, significa inadimplência zero”, afirmou. A expectativa do bancário Rogério Santos também era encontrar cortes mais profundos nos preços e ele não poupou as horas de um sábado de lazer. Às 13h30, já estava na quarta concessionária, onde até então a melhor proposta havia sido um fiesta 1.6 cotado a R$ 32 mil. “A redução do IPI acelerou a minha decisão, mas eu vou esperar um pouco mais. Encontrei diferenças de preços entre R$ 2.800 e R$ 3.200 em relação aos anteriores à redução do IPI.”
Questionamentos e muita conta feita nos cartões de visita recolhidos pelos consumidores na rede de revendas demonstraram o que já imaginava Sérgio Neves, gerente de vendas da concessionária BHFor do Bairro Cidade Nova, Região Leste da capital. “As pessoas estão procurando muito por informações sobre como ficaram as condições da compra do carro. É um teste para as negociações”, afirma. Na concessionária Garra, o gerente Clóvis Nunes Rocha Júnior, diz que os clientes começaram a ver as vantagens nas pesquisas realizadas ontem. “A fábrica manteve taxas especiais subsidiadas e algumas bonificações, o que nos leva a uma perspectiva de dobrar as vendas neste fim de semana”, disse.