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Estado de Minas

Mercado prevê PIB abaixo de 3% pela primeira vez


postado em 29/05/2012 06:00 / atualizado em 29/05/2012 07:34

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá crescer menos do que 3% em 2012. O relatório Focus, pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central (BC), divulgada nessa segunda-feira, mostrou que, na média, as projeções de economistas e agentes que trabalham em bancos e outras instituições privadas para expansão da economia caíram para 2,99% no fim da semana passada. Os mais otimistas previram avanço de 3,58%. Os pessimistas esperam crescimento de apenas 1,83%. No início do ano, a expectativa era de que o PIB avançasse 3,30% em 2012. A performance pífia da indústria brasileira, abalada pelo real valorizado, juros altos e pesada carga tributária, será um fator decisivo para que o ano termine em “pibinho”. O dado do primeiro trimestre, que será divulgado sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve confirmar o desaquecimento da economia.

Prova disso é que o número de setores da indústria nacional que se consideram com estoques excessivos passou de quatro em abril para seis em maio, segundo sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV). Dos 14 segmentos analisados, os que se avaliam como superestocados são os minerais não metálicos, mecânico, material de transporte, têxtil, mobiliário e vestuário e calçados. Em abril, material de transporte e mobiliário não faziam parte dessa lista. De acordo com Flávio Roscoe, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas do Estado de Minas Gerais (Sindimalhas), o setor está com estoques altos desde do segundo semestre do ano passado.

Na indústria têxtil, empresário fala em cancelamento de pedidos e prevê demissões caso desaquecimento continue afetando o setor(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Na indústria têxtil, empresário fala em cancelamento de pedidos e prevê demissões caso desaquecimento continue afetando o setor (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

“Uma indústria pode ter em estoque matéria prima, o produto em estado intermediário e acabado. Quando o produto está acabado, o normal é ficar pouco tempo na fábrica. Ter um produto acabado na fábrica por 10 ou 15 dias já é um estoque alto”, explica. De acordo com ele, em sua maior parte as indústrias têxteis trabalham sob encomenda e, portanto, só há estoque quando os pedidos são cancelados. O problema é que toda vez que o mercado fica difícil, o volume de cancelamento de pedidos aumenta. “O prejuízo é grande porque na maioria dos casos os produtos são costumizados pela cor, por exemplo. Até o fim do ano será uma tarefa árdua reduzir os estoques Vamos ter que parar de produzir. Em vários casos, haverá demissões”, reconhece o empresário.

O número de empresas do setor automobilístico – automóveis, caminhonetes e utilitários – que acredita ter estoques excessivos atingiu em maio 28,3%, maior nível registrado desde janeiro de 2009. Em abril, esse percentual estava em 13,6%. Já o número de empresas do setor de material de transporte – autopeças, caminhões e ônibus, entre outros – que acredita estar com estoques excessivos chegou a 19,9% em maio, também o maior resultado desde janeiro de 2009.

Na pesquisa Focus, a projeção para o crescimento da indústria em 2012 manteve-se em 1,58%. Em 2013, a mediana das estimativas para a expansão industrial apresentou leve melhora e aumentou de 4,20% para 4,25%. Um mês antes, a pesquisa apontava expectativa de crescimento de 2,02% neste ano e de 4% em 2013.Analistas reduziram ainda a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2012, de 35,9% para 35,83%. Para 2013, a projeção seguiu em 34,5%. Há quatro semanas, as estimativas estavam, respectivamente, em 36,2% e 34,7% do PIB para cada um dos dois anos.

Na espera Na Austin Rating, a projeção do crescimento do ano ainda está na casa dos 3,2%. A consultoria espera a divulgação do PIB do primeiro trimestre para reformular ou não sua expectativa. Felipe Queiroz, economista da Austin, confirma, no entanto, que o preponderante para a correção para baixo no crescimento do país será o resultado da indústria. “A produção industrial nos últimos meses apresenta resultado negativo e isso deve segurar o crescimento econômico do país e trazer o PIB abaixo de 3%”, afirma.

Segundo a pesquisa do BC, o mercado financeiro manteve a previsão para o patamar do juro básico da economia nos próximos meses. A mediana das estimativas para a taxa Selic no fim deste mês seguiu em 8,5% ao ano, o que indica expectativa de corte do juro de 0,50 ponto percentual. Confirmada a expectativa, o Brasil passaria a conviver com o menor juro da história. Para o fim de 2012, nada mudou na pesquisa Focus e o mercado segue com a expectativa de juro em 8%. Dessa forma, o mercado prevê que, além do corte previsto para esta semana, a taxa será reduzida em 0,50 ponto adicional. Há duas semanas, o governo admitiu que o PIB deste ano seria mais magro. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mesmo em um cenário de estresse externo adicional, como uma eventual saída da Grécia da zona do euro, o Brasil crescerá neste ano mais do que os 2,7% de 2011. (Com agências)

 

 

Indicador revela economia fraca

 

O Indicador de Atividade Econômica da Serasa Experian subiu 0,5% em março, na comparação com fevereiro. Em relação a março de 2011, o crescimento do índice, também chamado de Produto Interno Bruto (PIB) mensal, foi de 1,7%. No acumulado do trimestre, foi registrado aumento de 2% sobre o mesmo período de 2011. O resultado de março também levou o indicador a crescer 0,8% nos três primeiros meses de 2012 ante o último trimestre do ano passado.

De acordo com a Serasa Experian, os dados apontam para mais um trimestre de expansão da economia brasileira em um ritmo inferior a 1%, semelhante ao que vem sendo registrado desde o primeiro trimestre de 2011. Na decomposição do índice pelo fator oferta, a agropecuária apresentou alta de 0,5% ante fevereiro, porém queda de 0,5% em relação ao mesmo mês de 2011. A indústria subiu 0,4% sobre fevereiro e recuou 1,1% em relação a março do ano passado. O setor de serviços apresentou altas de 0,3% ante fevereiro e de 2,6% sobre março de 2011.

A atividade econômica só não cresceu menos no primeiro trimestre de 2012 porque o consumo, tanto das famílias quanto do governo, conferiu alguma sustentação: o primeiro cresceu 1,6% e o segundo 1,1% quando comparados com os últimos três meses do ano passado. Os investimentos apresentaram alta de 1,9% em março sobre fevereiro, mas na comparação anual acumulam queda de 1,4%. “As turbulências e as incertezas oriundas do cenário externo e a alta do dólar reduziram o ímpeto dos empresários em expandir seus investimentos durante o primeiro trimestre do ano”, afirma a empresa, em nota distribuída à imprensa. 

 

Mantega aposta nas medidas

 

São Paulo – Ciente de que o governo vai se deparar nesta semana com números frustrantes sobre a economia brasileira no trimestre passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro ontem que os esforços estão voltados para estimular o investimento privado, o que garantirá que a economia chegará no segundo semestre mais robusta, já que a partir de maio, segundo o ministro, ela começou a acelerar. Mantega não descartou novas medidas de estímulos, mas pede “paciência” para que as já adotadas possam surtir efeito. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter registrado expansão de apenas 0,3% a 0,5% entre janeiro e março passados quando comparado com o quatro trimestre. O pior cenário mostraria que a atividade não acelerou, já que entre outubro e dezembro, a expansão foi de 0,3%.

Para o ano, diz o ministro, o PIB brasileiro deverá crescer entre 3% e 4% por cento, abaixo da projeção inicial do governo, de 4,5 por cento. Mantega, no entanto, emenda que já no segundo trimestre a economia começou a se recuperar e, daí para frente, mostrará mais consistência. “Nós precisamos ter um pouco de paciência porque a economia não é um automóvel que você gira a direção, ele vira para esquerda, vira a direção, freia. É mais como um transatlântico de grande porte, você acelera e demora mais para alcançar a velocidade de cruzeiro”, afirmou o ministro. “A economia já está acelerando, as medidas têm eficácia, e vamos ver isso com mais nitidez no segundo semestre”, acrescentou. “No segundo semestre estaremos crescendo a 4,5 por cento.”

Para o ministro, mesmo em um cenário de estresse externo adicional, como uma eventual saída da Grécia da zona do euro, o Brasil crescerá neste ano mais do que os 2,7% de 2011. Os dados do primeiro trimestre serão divulgados sexta-feira. “Pela sensibilidade, o que andou menos no primeiro trimestre foi o investimento do setor privado... Talvez tenha havido alguma retração no investimento, que sempre volta depois”, acrescentou. Mantega disse ainda que os investimentos públicos continuam mais fortes e adiantou que, entre janeiro e abril, os desembolsos do governo federal cresceram 28,9% frente a igual período de 2011.

Segundo o ministro, as reduções nos gastos de custeio vão permitir mais investimentos sem que o governo tenha de abrir mão do cumprimento da meta cheia de superávit primário – economia feita para pagamento de juros – neste ano, de 139,8 bilhões de reais. Para induzir essa esperada retomada no crescimento dos investimentos privados, Mantega mencionou as medidas já adotadas, como redução de juros. Segundo ele, o governo continua pensando em novas iniciativas – como diminuir os tributos para atacar a inadimplência –, mas é preciso esperar que as já tomadas surtam efeito.
 


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