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Estado de Minas

Repsol investirá 19,1 bilhões de euros até 2016 e aposta no Brasil


postado em 29/05/2012 12:07

O grupo espanhol Repsol anunciou nesta terça-feira o novo plano de negócios 2012-2016, após a expropriação da filial argentina YFP, e prevê para o período investimentos de 19,1 bilhões euros, boa parte deles na América Latina, com destaque para o Brasil.

"Quase 80% dos investimentos do grupo são direcionados para a área de Upstream (exploração e produção), motor de crescimento do grupo", afirma a Repsol em um comunicado, no qual cita 10 projetos chave de crescimento no Brasil, Venezuela, Peru, Bolívia, Estados Unidos, Rússia, Espanha e Argélia.

O presidente da empresa, Antonio Brufau, anunciou ainda que o grupo pretende abandonar a atividade de exploração em águas profundas de Cuba por não ter encontrado combustíveis.

"A Repsol possui margem para crescer e crescer sozinha, independentemente do que tenha passado com a YPF", afirmou seu presidente. "Esta casa é muito mais que a YPF", completou.

Alegando falta de investimentos em um momento de déficit energético na Argentina, o governo de Cristina Kirchner anunciou em abril a expropriação de 51% de ações da YPF, todas elas procedentes de 57,4% em mãos do grupo espanhol.

"A expropriação da YPF nos fez reavaliar o plano estratégico", disse Brufau.

Assim, a nova Repsol sem sua filial argentina - que em 2011 representou 21% de seu lucro líquido e 25,6% de seu resultado de exploração - aposta agora em dez novos projetos de exploração e produção, aos quais dedicará 12,6 bilhões de euros em investimentos dos 19,1 bilhões previstos até 2016.


"O crescimento tem que vir dos dez projetos que já neste momento estamos pondo em operação", afirmou o presidente do grupo, enfatizando que a empresa elevou a porcentagem de seus investimentos destinados a países respeitosos com relação à legislação e à segurança jurídica.

A empresa se concentrará assim nos mercados como o brasileiro, onde investirá 2 bilhões de dólares no desenvolvimento dos projetos nos quais trabalha em consórcio: o de Sapinhoa, no qual prevê uma produção de 300.000 barris/dia, e o Carioca, com uma meta de 150.000 barris/dia.

"A estratégia da Repsol é uma tentativa de tirar o melhor proveito possível de uma situação ruim", disse Stuart Joyner, analista da Investec. "Contudo, a Repsol depende muito de um país, o Brasil, onde os riscos de execução são altos, para não dizer mais", completou.

Entre os novos projetos destacam também o de Margarita-Huacaya na Bolívia, onde espera extrair 100.000 barris/dia e o Kinteroni no Peru, com 40.000 barris equivalentes de petróleo por dia.

A isto se somam dois projetos na Venezuela, Cardón IV e Carabobo, este último de petróleo pesado, que a final de 2016 deve produzir cerca de 370.000 barris/dia, cerca de 11% dos quais correspondem a Repsol.

Os planos de crescimento do grupo espanhol para os próximos anos se completam com projetos nos Estados Unidos, Rússia, Argélia e Espanha.

Estos novas jazidas devem permitir à companhia incrementar sua produção em uma média de 7% ao ano, com um total de mais de 200.000 barris/dia para somar 500.000 barris/dia em 2016.

"Temos outros projetos também, mas que não devem começar a produzir antes de 2016", afirmou Brufau, apontando entre esses novos projetos o bloco C33, no Brasil, onde recentemente a Repsol anunciou reservas de 700 milhões de barris de petróleo e três trilhões de metros cúbicos de gás.

A estratégia do grupo se completa com uma otimização de suas atividades de refino, química e distribuição, assim como certos processos de desinvestimento, que Brufau não quis especificar, e uma flexibilização do dividendo para reduzir a quase zero sua dívida atual de 11,5 bilhões de euros.

"Esta disciplina financeira é fruto do firme compromisso da Repsol em manter a classificação creditícia", disse o presidente, em um momento no qual a nota da companhia sofre com a expropriação da YPF e com sua exposição à péssima situação financeira da Espanha.

Brufau se declarou ainda convencido de que um "novo governo argentino", que substituirá dentro de alguns anos o de Cristina Kirchner, negociará uma compensação a sua empresa pela expropriação da YPF.


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