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Estado de Minas

Investidores fogem da Espanha em meio a espiral de crise


postado em 30/05/2012 12:24

A taxa de risco da Espanha voltou a bater seu recorde na era euro nesta quarta-feira, com os investidores fugindo em massa das aplicações em meio a crise no país, ampliada pelo anúncio feito ontem pelo chefe do Banco Central da Espanha de que deixaria seu cargo no dia 10 de junho, um mês mais cedo que o previsto.

A taxa de juros para os títulos a 10 anos da Espanha disparou para o perigoso patamar de 6,703%, um nível insustentável no longo prazo.

Quando comparada à dívida alemã, de referência, os investidores de títulos espanhóis estavam exigindo um adicional de 5,39 pontos percentuais, algo inédito no país desde o início da moeda única.

Com investidores temerosos com relação à Espanha, os preços das ações recuam nas bolsas do mundo todo nesta sessão. A moeda única europeia, por sua vez, caiu para 1,2439 dólar - atingindo seu ponto mais baixo desde julho de 2010.

No foco do tumulto desta sessão está o governador do Banco Central da Espanha, Miguel Fernandez Ordonez, que abalou os investidores ao anunciar na noite anterior que iria sair do cargo no dia 10 de junho, um mês antes de seu mandato, que chegaria ao fim no dia 12 de julho.

"Nada é mais importante agora do que recuperar a confiança, porque sem isso nós não podemos resolver qualquer um dos nossos problemas", disse Ordonez ao Senado nesta quarta-feira.

Ordonez lembrou que a confiança na Espanha, que já vinha se deteriorando nos últimos meses, foi intensificada recentemente com a nacionalização do Bankia - quarto maior banco do país - e com toda a polêmica em torno do setor bancário espanhol.


O governo conservador da Espanha instruiu este mês os bancos a reservar 30 bilhões de euros em 2012 para o caso de problemas com bens relacionados a empréstimos, além dos 53,8 bilhões de euros exigidos em fevereiro relativos a reformas.

Também foram nomeados auditores independentes para avaliar ativos bancários relativos a imóveis, que sofrearam com o estouro da bolha imobiliária em 2008. Essa decisão foi amplamente vista como uma falta de confiança do banco central.

No centro da tempestade bancária, o Bankia pediu ao governo 19 bilhões de euros em capital, além dos 4,465 bilhões de euros investidos pelo Estado no início deste mês para salvá-lo.

Contudo, ainda não está totalmente claro de onde este dinheiro virá, especialmente quando os mercados de dívida estão cobrando somas exorbitantes para emprestar para a Espanha.

Segundo o Ministro da Economia, Luis de Guindos, o Fundo de reestruturação do setor bancário (FROB) poderia emitir bônus para levantar capital e injetá-lo no banco.

O Ministério da Economia cogitou esta semana um plano para emitir títulos públicos e transferir a captação diretamente ao Bankia, que poderia, então, usá-los como garantia para pedir emprestado do mercado ou do Banco Central Europeu (BCE).

Contudo, De Guindos foi enfático ao afirmar que o governo espanhol não apresentou nenhum plano para o Banco Central Europeu nem o Banco Central Europeu rejeitou qualquer pedido desse tipo, rebatendo assim rumores levantados pelo jornal americano Financial Times de que o BCE teria rejeitado um pedido de ajuda de Madri.

O BCE emitiu um comunicado negando que tenha tomado uma posição ou que tenha sido consultado pelo governo espanhol.

"Prestem mais atenção ao governo da Espanha do que ao Financial Times", afirmou De Guindos.


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