O efeito da redução da taxa básica, Selic, em 0,5 ponto percentual, para 8,5% ao ano, será pequeno nas operações de crédito ao consumidor, acredita o diretor executivo de Estudos Financeiros da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira.
Ontem (30), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou o corte na Selic, que serve de referência para as demais taxas do mercado. É o nível mais baixo da Selic, desde que a atual política monetária foi adotada, no início de 1999. O menor patamar anterior (8,75%) vigorou de 23 julho de 2009 a 28 de abril de 2010.
De acordo com a Anefac, enquanto a Selic está em 8,5% ao ano, as taxas de juros cobradas dos consumidores devem ficar em 106,09% ao ano na média.
Oliveira explica que isso ocorre porque na taxa de juros cobrada dos consumidores existem alguns custos embutidos. A influencia da Selic está na queda do custo de captação de recursos pelos bancos. Quanto a taxa básica é reduzida, o custo de captação pelos bancos diminui.
Mas o diretor lembra que os outros custos permanecem como estão atualmente: impostos e depósitos compulsórios, despesas administrativas das instituições financeiras e o custo do risco, uma vez que parte dos clientes não vai pagar o empréstimo. Além disso, destaca Oliveira, os bancos também incluem, na taxa cobrada dos clientes, o lucro que vai receber por emprestar o dinheiro.
Na simulação feita pela Anefac, com a redução da Selic, a taxa média de juros anual cobrada de pessoas físicas passa de 107,03% para 106,09%. No caso do cartão de crédito, os juros caem de 238,3% para 236,83% ao ano.
No caso dos juros cobrados no comércio, a taxa anual passa de 74,92% para 74,12%. Com a queda dos juros, na compra de uma geladeira, com preço à vista de R$ 1,5 mil, por exemplo, a diferença em cada uma das prestações, de um total de 12, é 38 centavos. Ao final de 12 meses, o consumidor terá pago R$ 4,55 a menos.