O dado ruim do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2012 indica que, mesmo com as ações de incentivo à economia, como a redução do juro básico e medidas setoriais, o País continua "patinando". A avaliação é do economista-chefe da Votorantim Wealth Management & Services, Fernando Fix, que esperava expansão de 0,40% no PIB entre os meses de janeiro e março, ante o quarto trimestre de 2011, e elevação de 1,05% na comparação com o primeiro trimestre de 2011.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a economia subiu apenas 0,20% no primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2011 e avançou 0,80% no confronto com o primeiro trimestre do ano passado. O resultado na margem ficou no piso das expectativas apuradas pelo AE Projeções, enquanto na comparação interanual, a variação veio abaixo da mediana de 1,30% esperada, mas dentro do intervalo de 0,60% a 2,10%.
"Esperávamos um dado fraco, de 0,40%, e veio uma alta de 0,20%. É uma taxa frustrante. A economia brasileira continua frustrando as expectativas de que pudesse estar reagindo mais fortemente aos estímulos que vêm sendo injetados desde agosto do ano passado, quando o BC começou a cortar a taxa básica de juro", disse o economista nesta sexta-feira em entrevista à Agência Estado.
Sob a ótica da demanda, o economista ressaltou a queda de 1,80% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no primeiro trimestre de 2012 frente aos últimos três meses do ano passado, já refletindo o agravamento da crise internacional. "Mostra que o empresariado está cauteloso em relação a um eventual quadro recessivo relevante na Europa. Os empresários estão, no mínimo, postergando decisões de investimento diante do que pode acontecer por lá", afirmou.
Para Fix, os dados fracos do PIB reforçam sua percepção de que o Banco Central vai continuar cortando a taxa Selic e deve reduzi-la em mais 0,50 ponto porcentual na reunião do final de julho. Ele, contudo, não descarta um aperto monetário acima dessa magnitude, se houver um grande choque recessivo europeu. "O BC pode acelerar o ritmo de queda e ser mais agressivo, caso ocorra o mesmo que aconteceu com o Lehman Brothers, com a saída da Grécia da zona do euro. O temor é que isso provoque um choque no sistema financeiro internacional de enormes proporções", disse.