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Estado de Minas

Consumo perde espaço no PIB

Mais endividados, brasileiros compram menos e ajudam a derrubar crescimento econômico no primeiro trimestre. Cautela das famílias limita o efeito positivo das medidas do governo


postado em 02/06/2012 06:00 / atualizado em 02/06/2012 08:09

Brasília – O crescente peso das dívidas levou o brasileiro a consumir menos e a se concentrar nos pagamentos de débitos, sobretudo atrasados, conforme revelam os níveis recordes de inadimplência. Essa postura contribuiu para o resultado fraco (0,8%) do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre em relação ao último de 2011, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados do Banco Central (BC), 22% da renda dos assalariados está comprometida com contas de outros meses. Com isso, milhões decidiram no começo do ano adiar planos de compras e financiamentos. O instituto de pesquisas Nielsen revela que pagar dívidas era a prioridade para 35% dos entrevistados no período de janeiro a março.

O consumo das famílias, que chegou a crescer 6% no primeiro trimestre de 2011 na comparação com o mês anterior, era um dos principais responsáveis pelo impulso da economia doméstica no começo do ano passado, que avançou 4,2% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2010. Pelo mesmo motivo, a desaceleração dos gastos familiares para 2,5% nos três primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2011 limitou fortemente a expansão do PIB, que só cresceu 0,8% na mesma comparação. De toda forma, o consumo das famílias cravou sua 34ª alta seguida. Segundo o IBGE, isso se deve sobretudo aos salários dos trabalhadores, que subiram 6,5% na média.

Este é o caso da servidora Célia Maria Medeiros. Embora faça parte do grupo que contribuiu para que o PIB não ficasse tão ruim, ela foi às compras no começo do ano e levou para casa geladeira, fogão de quatro bocas e uma televisão LCD de 42 polegadas. “Foi um investimento que chegou na hora certa”, afirmou Célia. Sem medo de gastar, a família Medeiros desembolsou R$ 1,8 mil nos três eletrodomésticos e só a TV precisou ainda ser parcelada em seis vezes no cartão de crédito. “O melhor de tudo é que não ficamos com uma dívida grande, pois pagamos boa parte à vista”, destacou.

Pagamento Ainda não surtiram efeito os estímulos do governo para incentivar o consumo, com mais crédito, taxas menores de juros e desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Isso porque muitas famílias estão endividadas e focadas em quitar dívidas. Célia prometeu não cair em armadilhas e afirmou estar controlando os gastos. Ela acredita que sua disposição para consumir já foi maior e o momento agora inspira cautela para não se envolver com dívidas pesadas. “Não podemos nos empolgar e comprar tudo o que vemos pela frente. Caso contrário, as dívidas nos enforcam”, ensinou.

Mesmo com alta acanhada se comparada a períodos anteriores, o consumo das famílias ainda foi o responsável por manter o PIB no azul no primeiro trimestre. “Influenciado pelo crescimento da massa salarial e da taxa de ocupação, e pelo crédito, que, apesar de ter desacelerado no primeiro trimestre, continua crescendo em ritmo menor”, disse Rebeca de La Rocque Palis, gerente do instituto.

 

Mal no ranking
Embora o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e evite falar em ranking, o melhor resultado do PIB no primeiro trimestre foi obtido pelo Chile, com alta de 1,4%. O Brasil ficou atrás também do México, com alta de 1,3%; do Japão, com crescimento de 1%; da Coreia do Sul, com avanço de 0,9%; e da Alemanha e dos Estados Unidos, ambos com alta de 0,5%. Com desempenho abaixo do brasileiro vieram França e União Europeia, ambos com estabilidade; Portugal, com queda de 0,1%; Holanda, com recuo de 0,2%; Espanha e Reino Unido, ambos com baixa de 0,3%; e Itália, cujo PIB recuou 0,8%. O comportamento da economia brasileira ficou próximo do dos países que enfrentam a crise europeia.


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