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Estado de Minas

Portugal comemora queda de apenas 0,1% no PIB nos primeiros três meses do ano

Apesar de negativo, o número foi melhor do que previam os especialistas.


postado em 10/06/2012 08:20

Lisboa, Porto e Aveiro —O quadro é de desolação — ainda que uma ponta de esperança comece a se desenhar no horizonte de Portugal. Depois de um longo período no atoleiro, tornou-se motivo de comemoração país afora a queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses deste ano. Apesar de negativo, o número foi melhor do que previam os especialistas. Satisfação à parte, os portugueses têm a exata noção de que ainda terão tempos difíceis pela frente. O choque de realidade é visível onde quer que se olhe. Mesmo entre os mais velhos, que cortaram um dobrado no período de austeridade da ditadura salazarista e enfrentaram o isolamento econômico e social em relação ao restante da Europa, poucos imaginavam que a vida pudesse voltar a ser tão dura depois da bonança trazida pela democracia.

O Portugal de hoje convive com desemprego elevadíssimo — a taxa deve fechar este ano em 15,5% da população economicamente ativa (PEA) —, greves constantes, combatidas com violência pela polícia, e empresas fechando num piscar de olhos. Parte da riqueza construída após a integração à União Europeia está se esvaindo. A entrada no bloco econômico, por sinal, deu ao país reconhecimento, status entre as nações locais. Também passou a ser candidato sempre bem aceito a recursos baratos e, em alguns casos, não retornáveis, de fundos europeus. Dinheiro que recuperou edifícios monumentais e ajudou a construir outros tantos.

Em 1998, antes da entrada plena na Zona do Euro (2000), Portugal já vivia um boom de investimentos. Os portugueses, outrora tão apegados a suas sardinhas e ao bacalhau, passaram a valorizar as cozinhas italiana e japonesa. Começaram a viajar mais. Pessoas de todas as idades adotaram roupas e cortes de cabelos que não os diferenciam do resto do mundo. A maioria dos portugueses, durante as quatro décadas da ditadura salazaristas nem sequer sonhava com casa própria. Ter um carro era impensável. Eles trabalhavam de sol a sol — como se dizia — e poupavam tudo o que podiam.

Com a democracia, vieram governos que, independentemente de partidos, incentivaram o consumo da população, porque também queriam gastar para trazer Portugal ao século 21. Mas a fatura de hoje é um país em frangalhos, em recessão, com as famílias superendividadas, um setor público com a corda no pescoço e um cabresto conduzido com rigor pelos credores, a troica, formada pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que evitou o pior.

Vizinho

 

A decisão da vizinha Espanha de pedir socorro para salvar seus bancos foi recebida com alívio e euforia pelos portugueses. Não sem razão. Os espanhóis são os principais consumidores de produtos de Portugal. E também respondem pelo maior fluxo de turismo. Em crise, tanto os negócios entre as duas nações quanto as viagens de lazer começaram a minguar. O resgate da Espanha, porém, não diminui a preocupação para este verão, quando comerciantes esperam por receitas extras.


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