Bancos, emissores de títulos e investidores estão se preparando para os reflexos de uma série de rebaixamentos de bancos norte-americanos, que deve ter início já na próxima semana, de acordo com a edição de fim de semana do Wall Street Journal. A Moody's Investors Service informou que deve reduzir até o fim de junho a classificação de crédito de 17 grandes bancos, incluindo cinco das seis maiores empresas financeiras norte-americanas por ativos. Os rebaixamentos devem elevar o custo de empréstimos em bancos como J.P. Morgan Chase & Co., Bank of America Corp., Citigroup Inc., Goldman Sachs Group Inc. e Morgan Stanley.
Os ajustes na classificação também podem afetar o modo como os municípios norte-americanos obtêm dinheiro para construir escolas e prover serviços, a forma como os fundos investem o dinheiro de empresas e poupadores e a maneira como os bancos levantam capital para sustentar empréstimos e operações financeiras. Atualmente, fundos já estão restringindo seus empréstimos para bancos e cidades e Estados estão trocando de bancos.
Os rebaixamentos serão mais um problema para bancos, investidores e emprestadores já afetados pela crise. Os mercados financeiros estão no limite, à medida que a crise da dívida da Europa se aprofunda e a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro cresce. As economias dos Estados Unidos e da China começam a mostrar sinais de desaceleração.
Muitos investidores estão correndo para ativos seguros como o Tesouro norte-americano e evitando qualquer investimento que possui um pouquinho de risco. A reclassificação tem sido preparada desde fevereiro, quando a Moody's informou que iria revisar a classificação de crédito de mais de 100 bancos em todo o mundo em função da pressão por lucro. Entre as ameaças para o resultado dos bancos estariam o crescimento econômico desequilibrado, os mercados financeiros voláteis e a regulação mais apertada. A Moody's não comentou as informações.
Enquanto bancos e investidores antecipam o rebaixamento esperado para a próxima semana, muitos bancos têm pressionado a Moody's para limitar o tamanho dos cortes. O mercado também teve meses de avisos, potencialmente limitando o impacto imediato de qualquer redução na classificação.
A indústria de fundos de cerca de US$ 2,6 trilhões deverá ser particularmente afetada. Estes fundos possuem restrições quanto ao que podem comprar e, tradicionalmente, precisam ter a maior parte de seus ativos aplicados no papel de curto prazo mais rentável, o que inclui desde títulos vendidos por grandes bancos até dívida de municípios.
A Moody's está considerando reduzir a classificação da dívida de curto prazo das principais unidades bancárias de empresas como Bank of America e Citigroup, de "Prime 1" para "Prime 2", o que tornaria suas dívidas menos atrativas e, em alguns casos, fora do limite de aplicação dos fundos.
"Toda vez que a Moody's faz um rebaixamento, ela reduz o universo do que podemos comprar", disse David Fishman, vice-diretor de administração do Goldman Sachs Asset Management. Os fundos também estão mais relutantes em emprestar para bancos nos Estados Unidos e da Europa. Muitos fundos estão apenas emprestando em operações "overnight" para os bancos que estão sendo revisados para rebaixamento, evitando bancos que sofreram grandes reclassificações para baixo.
"Nas últimas semanas, alguns investidores reduziram a tendência de emprestar para bancos tanto dentro como fora da zona do euro" informa Chris Conetta, diretor global de operações de títulos da Barclays PLC de Nova York. "Muitos que compraram títulos nos últimos seis meses estão focando seus empréstimos para o período de três meses para menos", disse.
À medida que os fundos reduzem seus investimentos em títulos, bancos perdem uma forma importante de levantar recursos. A perda pode ser equilibrada pelo fato de os bancos estarem recebendo depósitos e mudando suas fontes de capitalização em antecipação ao rebaixamento, de acordo com alguns participantes do mercado. Muitos bancos também reduziram seus empréstimos de curto prazo desde o início da crise financeira.
Por todo os Estados Unidos, cidades e Estados estão correndo para não se tornarem vítimas de um efeito colateral da crise. Bank of America, Citigroup e outros bancos são grandes depositários de dívida de municípios. Se estes bancos são rebaixados, os títulos da dívida serão também, elevando os juros e reduzindo o seu valor. Em Cleveland, o administrador da dívida do município, Betsy Hruby, correu para substituir o Bank of America como depositário de seus títulos do departamento de água no valor de US$ 90 milhões. A dívida foi para o Bank of New York Mellon Corp, que não está sendo reavaliado pela Moody's.