Depois de interromper seis semanas consecutivas de queda na sexta-feira, a Bovespa deve ganhar um pouco mais de terreno nesta segunda-feira, embalada pelo noticiário favorável sobre Espanha e China. Os mercados internacionais mostram maior disposição ao risco nesta manhã, depois que o governo espanhol solicitou ajuda financeira para socorrer os bancos. Já os números mais fraco sobre a atividade na indústria e no varejo chineses não desanimaram, pois os dados da balanço comercial foram positivos e a inflação menor abre espaço para Pequim seguir relaxando sua política monetária. Às 10h05, o Ibovespa subia 0,90%, aos 54.920 pontos.
"A semana começa mais tranquila e a Bolsa deve seguir em recuperação", resumiu o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi. Para ele, o alívio dos mercados vem principalmente da Espanha, que solicitou neste fim de semana ajuda de até € 100 bilhões aos fundos europeus de resgate para recapitalizar seu sistema financeiro. A medida evita uma intervenção no governo espanhol e não será acompanhada de imposições adicionais de austeridade.
"É uma medida preventiva, de forma a evitar eventual corrida aos bancos em antecipação ao resultado das eleições na Grécia", avaliou Galdi, referindo-se ao pleito grego que acontece neste domingo. Dessa forma, o estrategista-chefe da SLW não descarta certa cautela e uma dose de volatilidade aos negócios, já que a ajuda financeira à Espanha não é a solução dos problemas na zona do euro.
Ainda assim, as bolsas de Paris e de Frankfurt subiam 1,24% e 1,71%, nesta ordem, enquanto o futuro do S&P 500 avançava 0,54%. A agenda econômica norte-americana do dia está esvaziada. Já as principais commodities industriais pegam carona nos números animadores anunciados no fim de semana pela China.
Depois do choque negativo com os dados de abril, a economia chinesa surpreendeu positivamente em maio, com aumentos de 15,3% e de 12,7% nas exportações e nas importações em relação a igual período do ano passado, e desaceleração da inflação para 3%, no menor patamar desde junho de 2010. A produção industrial, por sua vez, cresceu menos que o projetado, mas fechou em patamar superior ao registrado no mês anterior. As vendas no varejo desaceleraram.
Em relatório, o analista da Um Investimentos, Eduardo Oliveira, disse que "apesar de a produção industrial e vendas no varejo terem vindo abaixo do esperado, a inflação veio menor, o que dá mais espaço para o governo chinês relaxar ainda mais a sua política monetária, e a balança comercial foi bastante positiva".
É válido lembrar que na quinta-feira, em pleno feriado no Brasil e em várias partes do mundo, Pequim anunciou o primeiro corte na taxa básica de juros em mais de três anos, em 0,25 ponto porcentual. Para Oliveira, os dados chineses "deverão ter impacto positivo nas empresas brasileiras produtoras e exportadoras de commodities, contribuindo para a performance da Bolsa", completou.
Por aqui, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na ponte de feriado na sexta-feira passada, trouxe, entre outros destaques, a sinalização de que os juros básicos devem continuar caindo - provavelmente até agosto. Segundo Galdi, uma taxa Selic abaixo de 8% ainda não está precificada na Bolsa e pode ser um estímulo adicional de melhora dos negócios locais no curto prazo.