A Espanha voltou a ficar sob pressão nesta segunda-feira no mercado de títulos, após um primeiro sinal positivo das bolsas ao plano de resgate europeu a seus bancos, em um clima de incertezas com relação ao verdadeiro impacto de ajuda na dívida pública de um país imerso na austeridade.
Após relaxar pela manhã, os juros pagos pela emissão de títulos com vencimento a dez anos voltou a subir pela tarde. Às 12H06 GMT (9H06 de Brasília) o rendimento espanhol era de 6,430%, contra os 6,192% apresentados no fechamento de sexta-feira.
Segundo analistas, os mercados deram pouca ou nenhuma importância ao comunicado conjunto do Ministério de Economia e do Tesouro da Espanha, que reafirmou nesta segunda-feira os compromissos do país com o programa de reformas estruturais e redução do déficit público e sua intenção de continuar financiando-se nos mercados.
Ao anunciar no sábado a ajuda aos bancos espanhóis, na forma de um crédito de até 100 bilhões de euros, o Eurogrupo se declarou "confiante de que a Espanha cumpriria seus compromissos de redução do déficit e de reformas estruturais para corrigir os desequilíbrios macroeconômicos".
Em plena recessão e golpeado por um desemprego recorde de 24,44%, o país se esforça por reduzir em 2012 seu déficit público a 5,3% do PIB, após apresentar um forte desvio no ano anterior, que levou o déficit para 8,9%, empurrado pela má gestão das regiões autônomas.
O Tesouro espanhol afirmou, por sua vez, que continuará com seu programa de financiamento, tendo coberto após a última emissão da dívida, na última quinta-feira, 56,8% de sua meta para este ano, de 86 bilhões de euros.
As bolsas europeias abriram a segunda-feira com fortes altas, encabeçadas por Madri, que chegou a ganhar 5,93%. Contudo, horas depois, a euforia caía e o índice espanhol limitava seus ganhos.
Às 12H09 GMT (9H09 de Brasília), o Ibex 35 subia 1,64% e a ação do Bankia, terceira entidade espanhola por ativos, cuja nacionalização precipitou o resgate dos bancos do país, subia 6,61%, após chegar a subir 20% horas antes. Na Ásia, os mercados fecharam em alta, estimulados pelo plano de ajuda ao setor financeiro espanhol.
Líderes europeus alertaram nesta segunda-feira sobre as implicações que a ajuda à Espanha deve gerar à dívida pública do país.
"A ajuda à Espanha para recapitalizar seus bancos terá evidentemente condições", afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, o espanhol Joaquín Almunia, em referência à vigília da 'troika' (formada por União Europeia, Banco Central Europeu e FMI) ao bom uso dos fundos.
"O FMI estará interado de tudo o que acontecer a partir de agora e também estará na troika", disse Almunia em declarações à rádio espanhola Cadena Ser. "Eles virão aqui comprovar que está sendo bem utilizado o dinheiro dos cidadãos, tanto dos europeus como dos espanhóis", completou.
"Os Estados membros são os que colocam o dinheiro e todo empréstimo tem obrigações e compromissos por parte de quem o recebe", disse Almunia.
Pouco antes, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou que a troika se limitaria a supervisionar a reestruturação do setor bancário espanhol.
Já o porta-voz do comissário europeu para Assuntos Monetários (Olli Rehn), Amadeu Altafaj, disse à imprensa em Bruxelas que o empréstimo à Espanha referente ao plano de ajuda aos bancos terá "evidentemente" um impacto na dívida espanhola.
"Haverá impacto porque são empréstimos e terão que ser reembolsados", declarou Altafaj.