A sinalização do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que, se a crise externa se agravar, o governo pode retirar algumas medidas adotadas quando o real estava se valorizando, mexe com as expectativas dos agentes financeiros no mercado de câmbio. Mas, por enquanto, a ampliação da alta do euro ante o dólar, após a divulgação de dois indicadores nos Estados Unidos, que vieram basicamente em linha com as previsões, está determinando a formação de preço da moeda nos negócios locais. Isso porque o alívio nas pressões inflacionárias nos EUA e os indicadores ruins sobre a atividade econômica aumentam a possibilidade do Federal Reserve adotar novas medidas de estímulo, o que causaria uma desvalorização do dólar.
Após abrir em baixa de 0,15%, a R$ 2,060, o dólar à vista no balcão testou uma mínima de R$ 2,0540 (-0,44%) às 10h03, mas pouco depois (10h16) desacelerava as perdas e estava na máxima, a R$ 2,060 (-0,15%). Na BM&F, o dólar spot abriu a R$ 2,0540 (-0,48%) e, em seguida, testou mínima de R$ 2,0532 e, às 10h18, estava na máxima de R$ 2,0592 (-0,23%).
Já o dólar futuro com vencimento em 1º de julho, que concentra a liquidez, perdia 0,43%, a R$ 2,0665 às 19h19, após oscilar de R$ 2,0590 (-0,79%) a R$ 2,0690 (-0,31%).
Apesar da influência externa, os agentes de câmbio local consultados pela AE disseram que, se os dados do fluxo cambial até 8 de junho, a serem divulgados às 12h30 pelo Banco Central, confirmarem a continuidade das saídas fortes de recursos pela via financeira e um déficit no saldo comercial parcial deste mês, é possível que a remoção de medidas seja antecipada.
Segundo reportagem exclusiva do jornal O Globo com o ministro Mantega, a primeira medida da lista de restrições que poderá ser retirada seria o Imposto sobre Operações Financeiras sobre empréstimos externos com prazo inferior a cinco anos.
Essa possibilidade tende a afetar a formação de preço do dólar ao longo da manhã, já que desde a semana passada o mercado vem intensificando a pressão de alta sobre o dólar com o objetivo de provocar atuações da autoridade monetária, seja por meio de leilões ou da retirada das medidas restritivas impostas às operações cambiais.
Além de um movimento especulativo, o mercado de câmbio vem mostrando necessidade de hedge, afirmou um operador de tesouraria de um banco, ponderando que as declarações do ministro ao O Globo foram feitas num contexto de eventual piora da crise externa. Ainda assim, esta fonte acredita que, se os dados do setor externo desapontarem, é possível a volta de leilões de venda de moeda à vista e também a suspensão de medidas.
Nos Estados Unidos, o Departamento do Comércio revelou que as vendas no varejo caíram 0,2% em maio ante abril, quando a expectativa era de retração de 0,3%. Já o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) recuou 1,0% em maio ante abril, a maior contração desde julho de 2009.