O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, estima que a produção de etanol levará até dois anos para se normalizar, após uma crise que ele atribui a fatores conjunturais. Segundo Tolmasquim, a queda do biocombustível foi a principal causa da diminuição de 0,9% da participação de energias renováveis no Balanço Energético Nacional (BEN), divulgado na última segunda-feira.
"Estamos em um período ruim para o etanol, pois tivemos um baque depois da crise mundial de 2008 e as modernizações necessárias não puderam ser feitas. Além disso, tivemos azar no aspecto climático nos últimos dois anos. Então, estamos com problema de falta de matéria-prima e tivemos um aumento nos insumos", afirmou Tolmasquim. "Mas são questões conjunturais, continuo apostando que o etanol vai deslanchar. Teremos um ou dois anos de efeitos e depois o crescimento vai voltar, pois estão sendo feitos investimentos e foram tomadas medidas, como a estocagem."
A crise no setor provocou uma queda de 9,2% no uso de produtos da cana-de-açúcar para a produção energética. De acordo com Tolmasquim, o aumento da energia produzida por hidrelétricas (6 1%) evitou um impacto maior no quadro geral. "A matriz ficou praticamente estável, ficou normal dentro da variação. Tivemos um ano hidrológico muito bom e compensou a diminuição do etanol. Entre as não-renováveis, o uso da gasolina acabou aumentando."
Na Rio+20, evento que começou nesta quarta-feira no Rio de Janeiro, mesmo com o protesto dos ambientalistas contra a construção de hidrelétricas na região amazônica, Tolmasquim reforçou o potencial de desenvolvimento regional que poderia ser aproveitado com a construção das usinas. "É importante neste debate sobre o papel das hidrelétricas considerarmos como elas são concebidas hoje. São vetores de desenvolvimento regional. Dadas as compensações adequadas, dão condições melhores às populações locais."