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Estado de Minas

Juros do cartão ignoram cortes na Taxa Selic

Taxa média do mercado para outras modalidades é a menor desde 1995, mas custo do dinheiro de plástico não cai há 27 meses


postado em 14/06/2012 06:00 / atualizado em 14/06/2012 07:09

As compras com cartão de crédito são tentadoras. Só é preciso passar o dinheiro de plástico na máquina, digitar a senha e escolher em quantas parcelas você quer quitar o pagamento. Tudo é muito tranquilo se o consumidor tiver o dinheiro para quitar a fatura no final do mês. Caso contrário, ele precisa se preparar para pagar a mais alta taxa de juros cobrada por essa modalidade de crédito desde junho de 2000. A taxa média do cartão cobrada do consumidor em maio foi de 10,70%, ou 238,67% ao ano, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Ao mesmo tempo em que a taxa do cartão de crédito não cai há 27 meses, o empréstimo para pessoa física tem o menor índice desde 1995, quando começou a série histórica da Anefac.

“Só a taxa do cartão de crédito teima em não cair. Talvez seja pela falta de competição entre os bancos ou concentração do mercado nas mãos de poucas empresas”, afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. A taxa média de juros para pessoa física foi de 6,18% em maio, redução de 1,12% em relação a abril, quando era 6,25%.

A redução, segundo a Anefac, pode ser atribuída a quatro fatores: redução da taxa básica de juros (Selic), que caiu de 9% ao ano em abril para 8,5% ao ano em maio; maior competição entre os sistemas financeiros depois que os bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) divulgaram queda em suas taxas; expectativa de novas reduções da taxa básica de juros e queda nos índices de inadimplência. Em maio, a taxa de cheque especial caiu 0,48%, passando de 8,28% ao mês para 8,24%. “Nunca o brasileiro pagou tão barato pelo cheque especial”, observa Oliveira. Ele ressalta, no entanto, que há espaço para novas quedas na taxa.

Apesar da queda na maioria das modalidades de crédito, o professor de finanças Paulo Vieira alerta que o dinheiro é mercadoria com preço, como outra qualquer. “Se a pessoa está devendo no cartão de crédito, é melhor buscar empréstimo pessoal no crédito direto ao consumidor para pagar o débito”, alerta Vieira. É preciso, no entanto, ter disciplina para pegar o dinheiro e pagar a dívida. “A pessoa tem que ter cuidado para não gastar o dinheiro e o débito virar uma bola de neve”, explica Vieira.

Mais barato

O professor faz as contas na ponta do lápis e mostra que as taxas de juros de um empréstimo pessoal são muito mais baratas do que a do cartão de crédito. Quem pegar R$ 1 mil de empréstimo pessoal no banco hoje, por exemplo, vai pagar taxa de juros de 3,59% ao mês (média). Em 36 meses, a mensalidade vai ser de R$ 49,92 e o total pago, ao final, será de R$ 1,79 mil. Já nos juros do cartão de crédito, a taxa cobrada é de 10,69% ao mês, a mensalidade sairia por R$ 109,73 e a conta final por R$ 3.950,28. “A tendência é que a taxa de juros continue caindo, mas quem vai determinar esse ritmo é a inadimplência”, observa Vieira.

Os novos registros de inadimplência cresceram 1,8% em maio, segundo dados da Boa Vista Serviços, empresa que atua na avaliação de crédito. Nos 12 meses encerrados em maio houve avanço de 18,4%, comparados aos 12 meses terminados em maio de 2011. Comparado a maio de 2011, o indicador apresentou alta de 7,8%.


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