Rio de Janeiro – O Conselho de Administração da Petrobras discutiu ontem em Brasília o novo plano de negócios da companhia para o período de 2012 a 2016. Apesar de o governo, sócio majoritário da empresa, ter se empenhado na aprovação, um corte substancial nos investimentos, especialmente na área de abastecimento e refino, dividiu os conselheiros. Não houve anúncio oficial nem a divulgação do valor dos investimentos ontem. É possível que a definição seja postergada para julho.
O governo Dilma Rousseff vinha pressionando a Petrobras a antecipar a aprovação, porque conta com os investimentos da petroleira para estimular a economia do país. Mas, por prudência, para adequar o planejamento a metas mais realistas, a direção da companhia retirou do plano projetos de refino ainda em fase conceitual, que resultaria num montante de investimentos cerca de R$ 8 bilhões inferior, segundo fontes ouvidas.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, vinha realizando nos últimos dias de duas a três reuniões diárias com executivos das áreas mais importantes para discutir as contas. Ela defende um plano estratégico mais "realizável", na definição cunhada semanas atrás pelo diretor financeiro, Almir Barbassa, durante apresentação do resultado financeiro do primeiro trimestre. A decisão é do governo, que controla a companhia e seu Conselho de Administração.
Internamente, a presidente da companhia sustenta a necessidade de o Plano 2012-2016 listar projetos mais enxutos para as ambiciosas metas. Tende a ser bem recebida no mercado uma redução marginal nas metas de investimento, que no plano de 2011-2015 ficaram em US$ 224,7 bilhões, o maior do mundo. A presidente da Petrobras também é a favor de metas de exploração menos ambiciosas do que as expostas pela empresa na revisão do plano no ano passado.
À equipe, a ordem de Graça nos últimos tempos não foi no sentido de eliminar projetos, mas sim de mudar o conceito de inclusão de novos empreendimentos. Com exceção da área de produção e exploração, que seria preservada, Graça vinha defendendo que entrem no plano apenas empreendimentos com o projeto "básico" ou "executivo" já prontos. Poderiam ficar de fora a partir de agora projetos ainda em fase conceitual, que antes apareciam na previsão de investimentos do plano de negócios. A conceitual é a primeira fase, seguida da básica e da executiva, a derradeira.
Essa nova visão, por si só, já seria suficiente para reduzir as metas de investimento, sem necessariamente abandonar projetos. Pode ser o caso de refinarias ainda em etapa de concepção, sem que isso demande investimentos altos, e que poderiam ficar de fora. Graça também vem pessoalmente fiscalizando o planejamento de custos, mesmo em investimentos menos vultosos, a exemplo da área de abastecimento, que neste momento revê contratos de forma a exigir mais recursos de distribuidoras.
Na última revisão anual do plano, ainda na gestão José Sergio Gabrielli, houve uma maior concentração dos investimentos em exploração e produção, cuja participação no total dos investimentos passou de 53% no plano divulgado em 2010 para 57%, no ano passado.