A ingerência em demasia do governo no câmbio retira dos investidores a previsibilidade e a capacidade de programação dos investimentos de longo prazo, na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima. Ele fez a crítica ao comentar o decreto, publicado nesta quinta-feira, que altera a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de empréstimos externos. Pelo decreto, a incidência do tributo de 6% ocorrerá agora apenas sobre as operações de até 720 dias e não mais nas operações de prazo mais longo, de até 1.800 dias.
"Não acho essas medidas corretas", disse. "O governo deveria ter uma política mais clara. Seria melhor para o investidor, que com tanta ingerência por parte do governo no câmbio deixa de ter uma previsibilidade, uma clareza com relação aos seus investimentos" disse Lima, após participar do CFO Fórum 2012, realizado na sede da Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.
De acordo com Lima, um investidor de longo prazo, de cinco anos para mais, ao ver o governo adotar medidas no câmbio e seis meses depois alterá-las fica em dúvida sobre efetivar ou não o investimento. Segundo o presidente da Sobeet, nem dá para avaliar se a alteração da cobrança do IOF nas operações de empréstimos externos agora vai surtir efeitos. "Não posso dizer com certeza que essa esta medida vai surtir efeito".
De qualquer forma, o economista avaliou que, com a mudança na tributação das operações externas, o governo está sinalizando que a taxa de câmbio no intervalo de R$ 1,80 e R$ 2,20 não é ruim. "O governo está dizendo que este nível de câmbio é confortável", afirmou.