A valorização do dólar frente ao real impediu que a alta nos preços dos produtos industriais desacelerassem com mais força no Índice de Preços ao Produtor Amplo - 10 (IPA-10) de junho, que compõe o IGP-10, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). No entanto, a queda na cotação de algumas commodities no mercado externo tem contribuído para segurar a transmissão dos efeitos do câmbio.
Os produtos agropecuários reduziram o aumento de preços de 0,90% no IPA-10 de maio para 0,33% no IPA-10 de junho. Já os produtos industriais passaram de uma alta de 1,32% para 0,87% no período. "O lado mais lento da desaceleração é onde o câmbio atua mais fortemente. Por isso, a desaceleração em agropecuários é nítida e em produtos industriais, mais gradativa", explicou André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). "A inflação na indústria extrativa subiu, mas na indústria de transformação os segmentos estão ladeira abaixo".
O minério de ferro acelerou o ritmo de alta, passando de 2,35% em maio para 3,45% em abril. O item tem um peso de 4,83% no IPA, menor apenas do que o da soja, que pesa 4,93%. "(A alta) Tem a ver com câmbio, porque o minério de ferro é cotado em dólar. Mas se a taxa de câmbio ficar estável a possibilidade de continuar a pressionar o índice é pouca", disse Braz.
A FGV calcula que a alta média no câmbio em junho foi de 6,05%, contra 4,34% de maio. "Mas o índice já incorporou esse câmbio, que não deve se alterar muito mais", avaliou o economista da FGV.