Pelo terceiro mês consecutivo a inadimplência dos consumidores cresceu no país. Em maio o indicador da Serasa Experian fechou em alta de 6,2%. O calote cresceu em todos os tipos de dívida analisados pela instituição, com destaque para os cartões de crédito, financeiras, lojas e prestadores de serviços como telefonia. O resultado é uma má notícia para a economia, que deve ter o crescimento contido este ano, entre 2% e 3%. Especialistas acreditam que o calote só perderá força no último trimestre do ano.
O avanço em relação a maio do ano passado foi de 21,4%. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2012 o indicador registrou alta de 20% ante igual período do ano passado. Para o economista da Serasa Experian Carlos Henrique de Almeida, o endividamento cresceu, mas a redução do ritmo da procura por crédito e o baixo desempenho da economia devem conter a disparada do calote. “O resultado de maio não é uma boa notícia, mas é possível que a inadimplência caia no último trimestre do ano. O brasileiro está mais cauteloso e começa a dar prioridade para pagar as dívidas.”
O professor de economia do Ibmec Márcio Salvato diz que o crescimento do indicador está segurando a queda das taxas de juros ao consumidor, em produtos como o cartão de crédito e o cheque especial. Na opinião do especialista, a persistência do calote acende a luz amarela para a queda dos juros. “A redução das taxas é muito boa desde que a inadimplência caia à mesma medida.” Segundo ele, o processo iniciado pelos bancos públicos de corte dos juros não ocorre em um ambiente econômico favorável. “O risco é que a alta do índice comprometa o sistema financeiro, levando as instituições a pedir socorro ao Banco Central.”
Dívidas Entre janeiro e maio o valor das dívidas bancárias cresceu 17,5% em relação ao ano passado, já o valor da dívida com os bancos se manteve praticamente estável, variando 0,1%. Carlos Thadeu Gomes, chefe do Departamento de Estudos Econômicos da Confederação Nacional do Comércio (CNC), diz que ao passo que o calote aumenta as famílias estão deixando de se endividar. “As taxas de juros ainda estão bastante altas e em tempos de crise internacional existe o medo do consumidor de perder o emprego.” Segundo o economista, houve uma pressão das contas do início do ano, com a inflação dos serviços e alimentos, mas a expectativa da CNC é que o calote recue no final do ano. Carlos Henrique de Almeida também prefere não subir o tom: “O consumidor está dando prioridade para quitar os compromissos. A demanda por crédito só veio a crescer em maio”, comentou.
O segurança Cleber Luciano do Nascimento não acompanha os números oficiais do calote, mas conhece a força dos juros sobre a prestação. “São abusivos.” Ele engrossa a lista dos brasileiros que já passaram apuros para quitar a prestação. Depois de acertar as contas do cartão de crédito e cancelar o serviço, ele garante que compras agora, só com muita moderação. “Só pago a fatura em dia.”