Os países emergentes anunciaram nesta segunda-feira no G20 bilionárias contribuições para aumentar a capacidade do Fundo Monetário Internacional (FMI) de emprestar a países em crise, um passo que lhes deixa em uma posição mais forte para exigir reformas na governança econômica mundial.
Com a Europa imersa em uma crise sem trégua, quase um terço dos 456 bilhões de dólares que o FMI obteve para seus fundos anticrise vieram de nações emergentes. E essa participação tende a crescer, dizem especialistas.
Entre estas nações, a maior contribuinte a este fundo conjunto - que permitirá dar créditos a nações com problemas - é a China, que na segunda-feira precisou seu aporte em 43 bilhões de dólares.
O Brasil se comprometeu com 10 bilhões de dólares; outro tanto aportará Rússia e igual montante colocará Índia. A África do Sul, que completa com a China o grupo Brics de nações emergentes, aportará 2 bilhões.
Outros emergentes que aportaram foram Coreia do Sul (15 bilhões de dólares), México (10 bilhões de dólares), Turquia (5 bilhões), e Colômbia (1,5 bilhão).
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, que fez campanha por esta iniciativa, se mostrou satisfeita com o resultado.
"Países grandes e pequenos se uniram a nosso pedido por ação e outros podem se juntar a nós. Os saúdo e felicito seu compromisso com o multilateralismo", disse ela em um comunicado emitido na noite de segunda-feira.
Para o FMI, no entanto, estes aportes de nações que ainda não alcançaram o desenvolvimento econômico de seus pares europeus ou dos Estados Unidos, que governam o Fundo, terão uma contrapartida já anunciada: um incremento da pressão para que seja alterada a distribuição do poder de voto no organismo, tal como foi acordado em 2010.
Os porta-vozes desta cruzada, as nações dos Brics, já anunciaram que seus compromissos estão condicionados a dois fatores. O principal deles é que o FMI seja reformado e que o Fundo deverá utilizar primeiro o dinheiro do qual já dispõe antes de colocar em circulação qualquer aporte dos integrantes deste grupo.
"O principal fator é que as reformas de cotas no FMI sejam cumpridas de fato", disse o ministro brasileiro da Fazendo, Guido Mantega. "Cremos que há um atraso por parte do Fundo Monetário e de alguns países europeus na concretização do acordo" de 2010", concluiu.
Em novembro de 2010, o FMI aprovou uma reforma que aumentaria o poder de voto de vários países que fizeram aportes adicionais sobre seu capital no Fundo. Entre eles figuram Brasil, Rússia, Índia e China.