Os líderes do G20 encerraram nesta terça-feira sua reunião em Los Cabos (México) com o compromisso de impulsionar o crescimento e promover uma união bancária na Europa visando recuperar a confiança no Velho Continente, e reafirmaram sua oposição ao protecionismo.
"O G20 se compromete a adotar as medidas necessárias para reforçar o crescimento mundial e restaurar a confiança", destaca a declaração final do encontro.
"No caso de a situação econômica se deteriorar ainda mais, os países que dispõem de uma margem de manobra fiscal suficiente estão dispostos a coordenar e aplicar as medidas orçamentárias necessárias para apoiar a demanda interna". "Atuaremos conjuntamente para reforçar a recuperação e responder às tensões nos mercados financeiros".
Na declaração final apresentada pelo presidente mexicano, Felipe Calderón, os líderes do G20 "apoiaram a intenção de considerar passos concretos para uma arquitetura financeira mais integrada" na Europa, que inclua supervisão bancária, recuperação e recapitalização (dos bancos), e seguros de depósito".
Os 20 acertaram ainda estender até 2014 seu compromisso de não adotar medidas protecionistas para "evitar uma escalada que leve o mundo a uma nova recessão", revelou Calderón.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerou que os europeus avançam na direção correta com a decisão de construir "uma estrutura financeira mais integrada".
"Pelo que escutei dos líderes europeus, acredito que (...) entendem o que está em jogo, entendem a importância para eles de assumir medidas atrevidas e decisivas, e tenho confiança de que poderão superar este teste". "Estou confiante de que nas próximas semanas a Europa terá uma ideia completa de onde quer chegar" no aspecto da integração.
A presidente Dilma Rousseff destacou que no G20 existe "um consenso" de que as políticas de ajuste fiscal não são suficientes para se enfrentar a crise, e que deve haver espaço para estímulos fiscais aos investimentos.
Existe a "percepção da importância da consolidação fiscal acompanhada de crescimento", insistiu Dilma, que destacou que há um clima de preocupação e cooperação entre as nações desenvolvidas e emergentes ante a crise que golpeia a Europa.
Os presidentes e chefes de Estado do G20 concordaram em dar um respaldo aos membros europeus do grupo, que atenue as pressões dos mercados sobre as economias do Velho Continente.
Os europeus, por sua vez, se comprometeram a tomar "todas as medidas necessárias para proteger a integridade e a estabilidade da zona do euro", além de afirmarem apoio à Grécia para permaneça no euro.
Os Estados Unidos inclusive pediram aos europeus para que deem mais tempo à Grécia para adequar-se às exigências feita pelo segundo resgate financeiro internacional de 130 bilhões de euros, sem o qual o país já teria entrado moratória.
O presidente francês, François Hollande, destacou que a Europa "deve contar com sua própria resposta" à crise, sem esperar uma "resposta do exterior", e enfatizou a necessidade de França e Alemanha trabalharem "conjuntamente".
"É preciso afirmar a vontade dos europeus de solucionar todas as questões presentes na zona do euro", explicou.
A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu "uma mescla adequada de reequilíbrio orçamentário e de estímulo ao crescimento simultaneamente" para relançar a economia europeia.
Merkel reiterou seu pedido por "uma cooperação mais profunda" entre os países da Europa.
Sobre a Grécia, Merkel estimou que "as eleições não podem questionar os compromissos assumidos por Atenas. Não podemos por em perigo os passos da reforma que temos acordado". "O governo grego tem que cumprir e cumprirá seus compromissos".
Nas discussões sobre o comércio, a presidente Dilma pediu aos sócios do G20 disposição para relançar a Rodada Doha de liberalização comercial da OMC em 2014.
O Brasil "propõe que em 2014 seja reaberta a discussão da Rodada de Doha", bloqueada pela questão dos subsídios agrícolas dos países ricos, disse Dilma aos jornalistas. "Não aceitamos prorrogar por prorrogar".
Dilma, que deixou Los Cabos antecipadamente devido à Rio+20, afirmou que no seio do G20 muitos países compartilham dessa posição sobre 2014 como data limite para que sejam estabelecidas novas negociações na Organização Mundial do Comércio.
"Caso se prorrogue isto... não haverá Doha", advertiu Dilma sobre as negociações para promover o comércio mundial.