À espera por mais estímulos monetários pelos Estados Unidos deve deixar a Bovespa de lado, sem viés definido, até o anúncio da decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) e a fala do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, na tarde desta quarta-feira. A cautela é adotada após a Bolsa voltar ao terreno positivo no ano na terça-feira, na terceira sessão de alta consecutiva, com um desempenho mais robusto que dos mercados internacionais. A continuidade dos ganhos, no entanto, depende do exterior. Por volta das 10h10, o Ibovespa tinha alta de 0,23%, aos 57.327,40 pontos.
No mesmo horário, em Nova York, o índice futuro do S&P 500 subia 0,08% e o do Nasdaq avançava 0,21%. Na Europa, a Bolsa de Paris cedia 0,25% e a de Frankfurt, subia 0,19%. "Até o anúncio (do Fed), a Bovespa deve mostrar um comportamento lateral", afirma um operador da mesa de renda variável de uma corretora, que prefere não se identificar, lembrando que o mercado já vem se animando com potenciais novos estímulos desde a véspera.
"Hoje será um dia decisivo para o viés do mercado acionário global. Após nada vir do G-20, as expectativas estão todas voltadas para a reunião do Fomc. Se ele apenas estender o Twist (Operação Twist) e aumentar o afrouxamento de 2014 para 2015, está dentro do esperado, os mercados tendem a subir e o Ibovespa pode buscar os 58 mil pontos", diz Pedro Galdi, da SLW. "Caso não faça isso, os mercados podem devolver (os ganhos recentes) no fim da tarde."
O analista técnico Gilberto Coelho ressalta, em relatório, a tentativa de recuperação da Bovespa. "Graficamente o Ibovespa rompeu a resistência em 56.700 pontos e segue acima da média de 21 dias (MM21), indicando tendência de alta no curto prazo, e vem formando topos e fundos ascendentes, o que pode levar a resistências em 57.700 pontos ou 60.000 pontos". Por outro lado, o pregão desta quarta-feira pode começar com "uma ressaca de ontem", avalia o operador citado mais acima.
A blue chip Petrobras, por exemplo, deve mostrar fôlego menor, depois de subir até 6,5% durante a sessão da véspera, embalada pelas especulações sobre o eventual reajuste do preço dos combustíveis. A presidente da estatal petrolífera, Graça Foster, não confirmou a recomendação, que teria sido proposto no plano de investimentos da empresa: "As recomendações que são feitas em vários segmentos do plano são reveladas na hora de sua revelação, na hora em que a gente abre o plano".
Mas o foco dos investidores está no Federal Reserve. O Comitê Federal de Mercado Aberto anuncia sua decisão de política monetária às 13h30. Atualmente, os juros estão na faixa entre zero e 0,25%. Às 15 horas, o Fed revela suas projeções para a economia dos EUA e para o nível das taxas de juros.
As apostas do mercado têm sido mais fortes na prorrogação da Operação Twist, que alonga os prazos dos títulos do Tesouro na carteira do próprio Fed, com o objetivo de baixar o custo dos empréstimos, do que na retomada do relaxamento quantitativo.
"É mais certo que o Fed venha a sinalizar uma continuidade da Operação Twist, onde há a venda de ativos na curva longa e compra na curva curta, para assim levar a um achatamento da mesma e redução dos custos de crédito no longo prazo", avalia o economista Jason Vieira, da Apregoa.com. Ele ressaltaa, contudo, que "mesmo isso não tem sido sinalizado pelo Fed, que tem estado estranhamente 'quieto' nos últimos meses, principalmente com o menor crescimento da economia americana a partir do segundo trimestre."