Dezenas de trabalhadores ligados ao sindicato dos Metalúrgicos da capital e de Contagem promoveram um protesto na manhã desta quinta-feira às portas da siderúrgica ArcelorMittal (antiga Belgo-Mineira), contra demissões como política de substituição de trabalhadores para contratações por salários mais baixos na usina de Contagem. Representantes dos sindicatos de empregados da companhia em João Monlevade, na Região Central do estado; Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e de unidades do Espírito Santo também participaram da manifestação. Os trabalhadores também protestaram contra a redução nos salários e recorrentes acidentes de trabalho.
O sindicato que representa a categoria classificou a mobilização de positiva, apesar de reafirmar que a empresa se recusa a negociar. Os trabalhadores que chegaram para trabalhar às 6h foram impedidos de entrar na fábrica, mas não houve registro de tumultos. "Vamos promover novas mobilizações e não descartamos paralisações", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, Geraldo Valgas. Segundo ele, a siderúrgica demitiu 600 trabalhadores na unidade de Contagem neste ano, com vencimentos variando entre R$ 2,7 mil e R$ 3 mil, e contratou outras 700 pessoas com remuneração 20% menor, em média. A entidade requereu ação fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego e aguarda audiência marcada para 9 de julho no Ministério Público do Trabalho em Minas.
Levantamento feito em maio pelos sindicatos que congregam empregados das plantas industriais da ArcelorMittal no Brasil indicou um corte de 800 pessoas neste ano, depois do agravamento da crise econômica na Europa e nos Estados Unidos e do avanço das importações nacionais de aço. A siderúrgica Brasil não confirma os números.
Em nota encaminhada ao Estado de Minas, a companhia justifica dispensas como ajuste normal às condições do mercado de produtos. “A ArcelorMittal Brasil informa que as rescisões trabalhistas e respectivas contratações estão dentro de um índice de turn over natural e fazem parte de um processo de adequação do quadro da empresa à evolução do mercado”, diz. (Com Marta Vieira)